Quando caio logo me levanto,
solto os parafusos da máquina do espanto,
não finjo, me ergo:
sou a pintura em relevo...
Quando me levanto
olho onde estava caído:
foi-se o espanto,
'stou erguido...
Olham-me a rir ou em mudez,
para cima ou para o alto,
querem saber quem fez
o tropeço no sapato...
Erguido sigo,
não à caça de outra caída,
dizem-me e digo:
tombos, que não os levou na vida?
Ao fim da lida diária, em casa,
relato à mim mesmo a queda,
tenho o coração em brasa,
vida, nos dá, nos tira,
tudo a nos reserva...
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