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QUANDO A REALIDADE ENGOLE A FICÇÃO
DIRCEU DETROZ

A tendência da maioria das coisas e invenções que assistimos nos filmes, ou lemos nos romances de ficção científica, é mais cedo ou mais tarde se transformar em realidade. A ficção além de ser um desafio, é um protótipo para a realidade.

Embora eu não aposte nesta possibilidade, algumas talvez, fiquem para sempre no desafio. É o caso das viagens no tempo, ou o teletransporte de um lugar para outro. Coisas tão banais em “Túnel do Tempo” e “Jornadas nas Estrelas”.

Só que existe outro tipo de ficção. Nesta as coisas e as invenções são substituídas não apenas por seres humanos de carne de osso. Também por suas emoções e sentimentos. Como a maioria dos sentimentos humanos têm um prazo de validade curtíssimo, a realidade infelizmente engole a ficção. A culpa não é da ficção. Nós os humanos é que somos os culpados.

Seria impossível para a escritora americana R. J. Palacio, não encerrar seu romance “Extraordinário” com um final feliz para o menino Auggie. Afinal, se isto não acontecesse quem choraria vendo o filme, ou lendo o romance? Eu ainda não vi o filme, mas duvido que ele possa se comparar em emoção com o livro.

Auggie nasceu com uma deformação no rosto. Sua síndrome de Treacher Collins não é tão rara assim. Afeta 1 a cada 50 mil pessoas. Suas características são os desvios nos ossos da face, o formato da mandíbula, fendas nas pálpebras e lábios, retração do queixo e as orelhas ficam mais baixas.

Depois de passar vários anos tendo a mãe interpretada no cinema por Julia Roberts como professora, é hora de Auggie começar a frequentar uma escola. Ele sabe que o leque do preconceito se multiplicará muitas vezes. E não tem mais pelo menos no romance, o capacete de astronauta para salvá-lo.

O romance é dividido por narrações. Além de Auggie, outros personagens também narram sua convivência com ele. Desde o espanto inicial até a aceitação, que claro, nunca será unânime. Para a sorte do mundo, ele está cheio de extraordinários!

Embora quem esteja sempre frequentado as mídias seja o racismo, o preconceito contra as deficiências físicas tende a ser muito mais cruel. Na verdade, só parece que a ficção de Auggie teve um final feliz. Ele apenas formou-se no quinto ano. Ainda teria muitas outras pessoas que evitariam esbarrar nele, como se fosse uma doença contagiosa.

Depois de derramar lágrimas assistindo o filme, qual seria a reação das pessoas ao se deparar com um Auggie na vida real? Lembrariam dos olhos molhados, ou atravessariam a rua? Se estivessem com seu filho ou filha, o que diriam a eles? Qual o preceito do Auggie que você escreveria para o preconceito?


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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