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DISCRIMINAÇÃO
Isabel C.S. Vargas


     É comum confundirmos discriminação e preconceito.
No dicionário Aurélio, a definição de preconceito é idéia preconcebida. Na segunda acepção é suspeita, intolerância, aversão a outras raças, credos, religiões.
Já discriminação é ato ou efeito de discriminar. Tratamento preconceituoso dado a certas categorias sociais, raciais, etc.
     Analisando, então, podemos deduzir que o preconceito pode permanecer só no aspecto interno. Sem que tenha uma correspondência na prática. Pode não se materializar nas ações.
A discriminação decorre do preconceito, fazendo com que determinados segmentos, grupos ou atividades sejam excluídos ou estigmatizados.
Uma forma corriqueira de discriminação é aquela referente ao nível social, à raça, religião, opção sexual.
A convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho considera discriminação toda distinção, exclusão ou preferência que tenha por fim alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão, exceto aquelas fundadas nas qualificações exigidas.
A Constituição Federal iguala homens e mulheres em direitos e deveres, proíbe diferença de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
A legislação procura respaldar o trabalhador, evitando restrições no acesso ao trabalho, que não sejam as naturais decorrentes de melhor ou maior qualificação para a função. Em função disto existem políticas de inserção, através de ações afirmativas para portadores de necessidades especiais, para negros, índios, visando à inserção e conseqüente redução da exclusão.
O resultado de uma pesquisa realizada pelo Grupo Catho, realizada em 2005 chamou minha atenção. Segundo a pesquisa feita com executivos, estes confirmaram que existe discriminação com relação à admissão de obesos, o que afeta, inclusive, os salários.
Além da qualificação normal para o exercício de determinada função, que hoje exige muito mais do que era exigido há uma década, para a mesma função (nível de escolaridade, conhecimentos de línguas, diversos programas de informática, experiência comprovada, perfil pró-ativo, etc.) o candidato tem que ser magro, pois o magro tem mais chance de admissão e salários maiores.
A pesquisa revela que a sociedade discrimina o obeso, rotula a obesidade como um desvio social, fruto da falta de autocontrole e não como uma doença a ser tratada.
Certamente isto leva a um sentimento de rejeição.
Dados da Organização Mundial de Saúde dizem que mais de um bilhão de pessoas no mundo tem excesso de peso, podendo chegar a um 1,5 bilhão antes de 2015 e isto não se constitui problema só nos países ricos.
A obesidade está diretamente relacionada com a maior ingestão de sal, gordura, açúcar, no que se refere ao costume alimentar, associado à diminuição de atividades físicas, ao exercício de tarefas ou desempenho de profissões sedentárias, ao aumento do uso dos meios de transporte, aos avanços tecnológicos que auxiliam na execução de tarefas, modificação do tipo de lazer, que era mais ao ar livre, passando a se resumir à frente da televisão, do dvd, do videogame, provocando menos gasto de calorias.
Embora o resultado tenha sido aferido em pesquisa e saibamos que é real, é difícil de ser constatado, permanecendo velado e sendo sentido com intensidade por aquela pessoa que é alvo das ações discriminatórias.
A ditadura da beleza (porque o conceito é que só o magro é belo) invade não só o mercado da moda, mas o mercado de trabalho em geral.
O obeso sofre a discriminação desde a infância, nos bancos escolares, nos relacionamentos, no acesso ao emprego e no exercício de determinadas funções, na prática de esportes (nem o “fenômeno” escapou).
É necessário incentivar alimentação saudável, prática de atividades físicas, acompanhamento médico e terapêutico em alguns casos, busca de esclarecimentos visando à manutenção da saúde, melhor rendimento nas atividades, aprimoramento da qualidade de vida, o que sem dúvida melhora a autoestima o que conduz o indivíduo a uma nova postura na sociedade, sobrepujando-se à discriminação que é alvo.
É um conjunto de ações buscando não só atingir o lado estético, mas o emocional também, que em decorrência melhora os relacionamentos, além de instituir ações visando extirpar todo e qualquer tipo de discriminação.


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