Perdido na minha própria estética de ficção
Mais um dia um dia passo fingindo abalo
Por sentimentos que não sei ao certo se me afligem
Tento existir no imenso vazio que ocupo
Incapaz de identificar meus próprios desejos, e temo que em pouco tempo
Eu mesmo irei crer que nada quero, que nada sinto, e que nada sou
Senão ideias frias
Mal consigo eu dizer
Se minhas reações são verdadeiras ou fruto de minha pobre interpretação
(Tento parecer que sou, que não descubram o meu vazio)
Talvez até haja coração no meu corpo, mas a minha mente é sempre distante
Por que me escondo? O que busco com a minha própria alienação?
Seria o medo de sentir? Ou seria o castigo por crer que não sou digno do ser?
O sentir, por mais que assombroso, é necessário
Pois ao mesmo tempo que o coração se machuca, alguns abraços são doces e eternos
Alguns beijos são doces
E de poucas e belas palavras é possível se fazer poesia
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