Se houvesse mil pessoas amando nesse instante
não haveria, ao longe, este miúdo choro constante
que devora a paz que se insinua entre ramos de oliva,
nenhuma lágrima cairia tão suave sobre cada única vida...
Se houvesse mil sorrisos espalhados nos lábios humanos
que se presenteariam ao amanhecer de cada única pessoa,
seríamos a constante imagem de felicidade refletida sem danos
a quem quer seja que buscasse o sino que em si o amor soa...
Se houvesse uma nascente em que brotasse lírios de luz
não seria necessário o som da bigorna e nem do martelo,
nem seria preciso que descêssemos o homem do alto da cruz,
cada um em si seria deus e humano sem precisar o de ouro, velo...
Se soubéssemos onde Deus mora, em que instância no espaço,
saberíamos o que fazer com este grão tão ofendido e machucado,
veríamos reluzir a escrita celeste com seu preciso e precioso traço,
poríamos as armas em deposição, a outro destino os nossos braços...
Se assim fosse não haveria a Bíblia e nem mil livros de histórias,
o azul nunca teria sido por nós tão manchado por mísseis e satélites,
viveríamos cada segundo tão vividamente que não haveria a memória,
voaríamos por nossa conta e risco, nautas com próprias hélices...
Olhemos o perfil da terra antes da chegada do homem e depois dela,
façamos as lições mesmo que tenhamos perdido tempo por supor
que governaríamos o mundo sob o fogo insano de nossas querelas,
sem o mandato irreversível deste sentimento chamado amor...
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