Deem-me um osso e serei o cão
que te lambe a mão e que afagas
quando triste estás
e sai a caminhar...

Deem-me uma bengala e serei o cego
que sai a procurar quem possui alma
e só assim poderei ver claramente
dentro dessa escuridão...

Deem-me um grão de amor
e verás a maior plantação jamais vista
do alto do céu pelos satélites atômicos
e então poderás colher a parte que te toca...

Deem-me a quietude de uma rosa pálida
e ouvirás a poesia de cada pétala
sussurrada quando o vento vier
colher suas pequenas tempestades...

Deem-me algo sem nome
e com ele farei o que um mágico
faria diante de olhos estupefatos:
nesta vida tudo se transforma
tudo outra coisa se torna
quando estamos cansados
do que nunca mudamos
de lugar...

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