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Guilherme Boldrin

Chuva que ruge
no metal do teto
com o som da trova
um artifício sonoro

chuva que ruge
em perene queda
leva meu canto em pranto
pra fora da treva

para o fundo da terra
para o findo resquício de amor
que permanece na guerra

chuva que acalma o choro
abafando ternamente
o sofrimento baldio
das crianças nos becos vadios
em singelo consolo
sorrindo na sombra
de um dia de insonia
nas coxas frouxas
da prostituta branca

chuva que lava a pele
lava a suja areia
do chão escarlate de sangue
de vielas imundas da prole
que em castas suaves sem nome
morrem nos túmulos frescos
onde já nasceram da morte

chuva que vai esvaindo
lavando o roto e insano
dos ladrilhos da igreja que brilha
aos pés do pobre que grita
à lascíva imunda nos labios do homem


Biografia:
Buscando a pureza, a justiça e arrancar algo imerso na alma atravez da escrita.
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