Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Sussurros que te cantei
Europa Sanzio

Lembra-te de nós dois, nos pés da cama, de mãos dadas, sabendo que não deveríamos estar fazendo aquilo. Andávamos pelas ruas com as mesmas mãos entrelaçadas, formando o um só que sempre fomos.

Aparentemente, não havia nada que fizesse parar nossos pés enquanto seguíamos. Não seríamos detidos enquanto estivéssemos juntos pelos dedos. Foi nesse momento que você me fitou. Tão de repente que a mim só restou uma hesitação no passo invencível, encarando-te da mesma maneira.

Você era de silêncios, assim como eu. No entanto, você achava os hiatos sem palavras bastante tormentosos; ficava sem jeito e se sentindo bobo por não ter uma única frase para continuar. Você almejava que o outro a tua frente preenchesse aqueles momentos, com qualquer bobagem que fosse.

Eu, não. Apreciava os silêncios em sua totalidade, não os achava desconfortantes nem procurava inundá-lo de futilidades. Era nessas tréguas das palavras tão enganosas que eu morava. Nunca gostei dos dizeres, eles ludibriavam.

O olhar era diferente. Os olhos cantarolavam-me as mais diversas coisas. Esse encarar verdadeiro só vinha com a ida das palavras para longe, nos momentos em que parávamos e apenas apreciávamos o que um era para o outro. Ali, o que era verdadeiro, berrava.

Mas eu odiava te deixar sem jeito. E se os hiatos o deixavam dessa forma, tentaria evitá-los.

Sempre gostava de murmurar para ti, aquilo era o meio, algo entre a fala que te deixava confortável e o silêncio que era o meu lar.

Então, sussurrei, naqueles segundos em que o hiato ameaçava aparecer para te deixar sem jeito;

- Duvida de que tudo isso ao nosso redor existe. Duvida até mesmo das cores dos céus. Mas não dúvida, nunca, do meu amor.

Você abriu seu sorriso mais verdadeiro. Tão sincero que eu encontrava de forma fácil a dúvida por entre ele.

Comecei a falar, não em sussurros, mas na fala que te era cômoda. Eu dizia e dizia, sabendo que por vezes acabava por cair na tediosidade.

Mas não havia o que fazer. Preferia ser tola para ti a te deixar incômodo.
Eu acreditava que as palavras nada tinham a dizer, muito menos o que demonstrar. Mas ali, falando e falando, apenas para te deixar confortável, estava demonstrando o meu amor por ti.

Da fala e do dizer, do silêncio e dos murmúrios que eu gostava, gritava uma única coisa: Eu te amo e nunca duvide disso!


Biografia:
Leio desde criança, quando comecei a achar o mundo enfadonho em demasia. Escrevo desde a adolescência, quando senti a necessidade de dissertar sobre aquele mundo tão tedioso. Prazer, sou Europa!
Número de vezes que este texto foi lido: 60491


Outros títulos do mesmo autor

Romance III - Aquarius Europa Sanzio
Romance II - Aquarius Europa Sanzio
Romance I - Aquarius Europa Sanzio
Crônicas Faça as questões Europa Sanzio
Crônicas Europa Sanzio
Contos Falecendo-se Europa Sanzio
Contos Posteriori Europa Sanzio
Contos II - Conversa de Botas Batidas Europa Sanzio
Contos I - Conversa de Botas Batidas Europa Sanzio
Crônicas O infinito na finitude Europa Sanzio

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 63.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
"Holograma" - Marco Antônio de Araújo Bueno 60633 Visitas
Raízes do Brasil - Bianca de Moura Wild 60630 Visitas
A dieta inteligente - Revista Griffe 60619 Visitas
"Trivial Melancolia" - Marco Antônio de Araújo Bueno 60610 Visitas
O que e um poema Sinetrico? - 60608 Visitas
Entrevista com Yuji Katayama – autor de Templários - Caliel Alves dos Santos 60607 Visitas
Entrevista com Jazi Almeida – autor de Two Sided - Caliel Alves dos Santos 60604 Visitas
MINHA NATUREZA - ORLANDO GALOTTI JR 60599 Visitas
Resenha educacional do filme “Fora de Controle” - Bianca de Moura Wild 60598 Visitas
Critica Literária Tony Beloto - silas C. Leite 60597 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última