onda daqui
onda de lá
chuá no pé
chuá no mar
areia na unha
na sunga, no chão
problema na mesma
na mesma canção
no sol da minha vida
no lá do violão
na ré do meu carro
que dó, meu irmão!
só vai pelos trancos
que nem o diabo
o bicho só corre
e tropeça no rabo
xinga o Romeu
e xinga o Julho
agosto, setembro
outubro, sepulcro
novembro é dos meus
nem vem, bro! só meu
e o fariseu?
faringe, Lineu
o dom da minha rima?
foi Deus quem me deu
y arriba y arriba
sou quase Perseu
pois seu jamais sou
e a história já sei
a medusa pedrou,
parou e pensou:
o grego é arcaico?
magina vocês
xingando o governo,
aprendendo inglês
pulando a cerca,
contando as horas
rindo das trevas
minha nossa senhora!
e eu só aqui
com cabelo de cobra
narrando mentiras
dum cara da hora
que coisa é essa
chamada de vida?
in natura a natura
só atura as duras
as duras do seu
do meu e do nosso
rastro de morte
far from the norte
norte da vida
dos seres, da luz
somos lombrigas
rato, avestruz
comemos, fedemos
brilhamos na cruz,
vivemos pecado
bem mais que o diabo!
reveja as sementes
o trigo e a cevada
replante, implante
o tudo e o nada
quem sabe assim
a onda retorne
com terra, com sol
sem fé de esnobe
com Julho e Romeu,
um terço de vida,
Perseu e seu Zeus
de olho na rima
mustang diurno
minha vó de coturno
e ao mundo o tributo
do reino com tudo
com todos e eles
sem choro ou penumbra
um dia feliz
sem sombra de dúvidas
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