Emprestei meu coração à poesia,
pensava ela que ele era um violão;
e mal acordo, eu escuto, todo dia,
de sua boca, a mais bela canção...
E tange e toca com seus dedos silabônicos,
faz-me de ode e às vezes doce suíte,
no pentagrama escreve sonhos filarmônicos,
tece-me em giz como o mais branco grafite...
Ouça-me, mundo,
sou a cantiga aos pés do castelo por um bardo trovador,
Venho do fundo mais profundo que sonhou o sonhador,
de onde brotam os acordes inevitáveis do amor...
Passa o tempo com sua carruagem de horas,
passam as horas carregadas pelo tempo,
a vida, fato consumado que aos poucos vai embora,
se transforma n'outra poesia nos campos do Senhor...
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