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A filosofia pré-socrática e as ciências modernas
um diálogo introdutório à investigação científica.
Carlos Eduardo da S Ferreira

Resumo:
Versão compactada sobre inter-relações entre a filosofia pré-socrática e a emergência da ciência moderna.

https://drive.google.com/file/d/0B5ZiXvsuhQmNYU1iWHdXdllSREU/view?usp=sharing

1.     Introdução aos estudos científicos
Há muito tempo o ser humano busca respostas para compreender os diversos fenômenos relacionados à natureza. Nos primórdios dos tempos, esses fenômenos eram atribuídos a causas divinas, quase sempre sinais enviados aos homens por Deus ou pelos deuses.
De acordo com a Bíblia, o arco-íris, por exemplo, é uma manifestação que remonta ao “pacto da aliança” estabelecido entre Deus com os homens após o dilúvio onde nunca mais inundaria a Terra e, depois de cada chuva, seu arco apareceria nas nuvens como símbolo firmador. Segundo uma lenda antiga havia na sua extremidade inalcançável um pote de ouro. Da tradição mítica grega, Íris possuía uma função de arauto. Era uma deusa mensageira. Em sua tarefa, a deusa deixava um rastro multicolorido ao atravessar os céus.
Com o passar do tempo, o ser humano foi percebendo que os fenômenos da natureza ocorriam nas mesmas condições e teriam as mesmas características. Não há arco-íris sem o sol e a chuva, e suas cores são sempre as mesmas. Essa regularidade o levou para encontrar esses fenômenos causas não divinas; assim surdiu a ciência, ou melhor, as ciências.
Para a Física, o arco-íris é resultado da dispersão da luz branca do Sol ao incidir na cortina de água formada pelas gotas de chuva.

2. Pré-socrática e desdobramentos científicos
2.1 Mundo pré-socrático
Para iniciarmos nossa discussão a respeito da contribuição da filosofia pré-socrática para a formação das Ciências Modernas vejamos o que se entende sobre o assunto chamado “filosofia”.
Usemos o que o livro Pré-Socráticos (1996) nos mostra perante a indagação do que é o ato filosófico:
Embora a questão do início histórico da filosofia e da ciência teórica ainda contenha pontos controversos e continue um "problema aberto a grande maioria dos historiadores tende hoje a admitir que somente com os gregos começa a audácia e a aventura expressas numa teoria. (p. 6)

     Percebemos que “filosofia” é um ato sistemático que está intrinsecamente ligado ao mundo grego após as ideias dos mitos. O que temos de outros povos chamados de pensamentos, orientações, reflexões, mas na configuração como “sociedades filosóficas” atribuímos “filosofia” à mentalidade resultante de um longo processo de racionalização da cultura, pois essa forma de ver do mundo faz parte da convergência de inúmeros fatores, como geográficos, econômicos, sociais e políticos, que condicionaram a condição de um “milagre grego” para uma manifestação da racionalização.
     Como questionamento, esse mesmo livro traz:

QUE TERÁ LEVADO o homem, a partir de determinado momento de sua história, a fazer ciência teórica e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais precisamente na Grécia do século VI a.C., uma nova mentalidade, que passa a substituir as antigas construções mitológicas pela aventura intelectual, expressa através de investigações científicas e especulações filosóficas? (p.4)

É justamente com essa sistematização racional em que a filosofia se embasou nas suas origens. Chamamos de “pré-socráticos” são os filósofos que antecedem a Sócrates, obviamente. Mas, não tão óbvio é o entendimento, e daqui a diante como crítica nominal, de “Socrático”.
Sócrates é um dos mais importantes ícones da tradição filosófica. O que nos é chegado dele vem por via majoritária de Platão. Os diálogos platônicos retratam Sócrates como mestre que se recusa a ter discípulos, e um homem piedoso que foi executado por impiedade. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia postulava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo . Todavia, os textos a ele referidos por serem citações indiretas polemizam sua existência.
A essa classificação propriamente dita sobre “pré”-socrática, a distinção ocorre devida ao objeto de sua filosofia, em relação à novidade introduzida por Platão, do que à cronologia - visto que, temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele.
Primeiramente, os pré-socráticos, eram também chamados naturalistas ou filósofos da physis (natureza – atribuindo esse conceito não em seu sentido comum, mas como realidade primeira, originária e fundamental, ou o que é primário, fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório), tinham como questionamentos a problemática cosmo-ontológica buscando o princípio (ou arkhé (ἁρχή: origem)) das coisas.
Platão remonta o modo filosófico anterior a ele trazendo a separação entre dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível. Aristóteles, posteriormente, refutará as conceituações de Platão a respeito da representação das imagens do mundo sensível .
Tudo isso dizemos uma reflexão ao olhar pré-socrático ou senão pré-platônico ?
3. Como a ciência moderna funciona
A partir do momento que a filosofia grega entra em questão para os pensamentos de reflexão, em debate ao que provinha do mito, o modo de agir perante o futuro – desconhecido para os humanos – também entrou em fase reflexiva.
O oráculo era um centro de aconselhamentos. Mas, pensando assim, o que mudou para os gregos desse período crítico na forma de encarar o futuro?
Até então, com amplo ensino homérico , o destino humano era posto como algo pré-fixado; o caminho na terra dos viventes era predestinado. Sendo assim, consultar seu destino era saber antecipadamente o que viria por acontecer, visto que tudo já estaria pré-definido.
Qual a diferença entre profecia e previsão científica?
A primeira diferença é a origem das profecias. Em geral, elas são formuladas ou reveladas por alguém que se diz escolhido por um superior, ou mesmo pelas divindades. Não cabe discuti-las nem aprová-las; são objetos ou dogmas de fé.
A segunda é que, as possibilidades de comprovações ou contestações para as profecias são muito reduzidas.
Nas ciências não há intermediários nem revelações, embora o papel do indivíduo, sua genialidade e criatividade sejam indispensáveis. A ciência é uma construção humana e qualquer passo adiante só pode ser dado por quem já conhece os anteriores.
Outra distinção está ligada ao objetivo da ciência. Esta busca compreender a natureza e interagir com ela; portanto, precisa ser eficiente, seus princípios e leis devem funcionar. Isso faz com que os cientistas verifiquem a validade de suas previsões e que as comprovem experimentalmente, reformulando ou rejeitando as teorias ou hipóteses cujas previsões não se ajustam aos fatos.
A linguagem na qual profecia e ciência são promulgadas também se posiciona em disparidade. Na ciência, as palavras dão sentidos precisos ou com posições extremamente orientadas a fim de haver unificação às teorias. Nas profecias ocorre o oposto. Os enunciados são proferidos com uma carga de múltiplos sentidos.
É importante ressaltar que quando dizemos ciência devemos aprimorar nossa conceituação se apenas aludirmos a uma ideia laboratorial relacionada à Física, Química ou à Biologia. Ciência é forma de organização racional do mundo, seja em qualquer área. Linguística, por exemplo, é uma ciência que estuda os fenômenos linguísticos. Estudar língua não é apenas estudar regras normativas. Há um universo que rodea as questões linguísticas, como o uso da língua oral, o uso da língua escrita, a descrição das línguas, a estrutura das línguas do mundo e suas comparações, o uso social da língua, a interação dos sujeitos, a aprendizagem de outras línguas que não a nossa... ou seja, um amplo e instigante mundo de observações e apuramentos. Isso se aplica a outras áreas como a Psicologia, as Ciências Sociais e a Matemática , por exemplo.
Por essas considerações, talvez fôssemos concluir que apenas as previsões científicas merecem crédito, o que seria um equívoco. A ciência possui métodos para a busca do conhecimento que exigem contínuo aprimoramento, mas esse processo não garante que ela chegue a algo que se possa chamar de verdade.
Embora caminhe de forma notável, o conhecimento científico está longe de proporcionar ao ser humano respostas a inúmeras indagações como porquê, como e para que da sua própria existência. A física demonstra que cargas elétricas de mesmo sinal se repulsam e as de sinais diferentes se atraem, mas não explica por que isso ocorre.
Há pouco tempo, grande parcela da comunidade científica chegou a pensar que o conhecimento de todas as leis naturais estavam próximas da compreensão finita. Porém, a própria ciência lhe apresentou questões, mostrando que a natureza era muito mais complexa do que poderíamos imaginar.
Atualmente, a única certeza é que em ciência não há certeza . Por isso o ser humano se vale também de outras formas de conhecimento, orienta-se por suas intuições, seus profetas, seus mitos, suas religiões. No entanto, desconhecer a ciência é encobrir todas as conquistas do ser humano desde seu desenvolvimento sob a face desta Terra, localizada num lugar aparentemente ermo e incerto de um grande imaginário sustentador da nossa espécie... o sonho e a realidade.




Biografia:
Interessado em debates interdisciplinares. Áreas de maior adentramento: Linguística; Linguagem; Educação; Matemática; Exatas; Filosofia das Ciências; Filosofia
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