No Inferno da Literatura Brasileira
“Deixais, ó vós que entrais, toda a esperança”
Estas palavras vi escritas na abertura
Dum livro imenso que se abria à u’a criança!
Este livro era como uma área escura
Qual uma caverna d’estranha passagem
Pela qual se chegava à uma abertura
Tenebrosa, profunda, débil aragem,
E ouvi Camões me falando qual guia
E ao seu lado Dinamene em visagem...
E a amplidão profunda daquela via
Eu via e ouvia vozes várias clamando
E segui Camões que coisas me dizia...
Línguas várias, discursos perturbando
Lamentos, vozes roucas, de ira os brados,
Rumor de mãos, de joelhos se prostrando...
Vi ali Rocha Pita cantando o fado:
“Quem cala, vence, não, não, eu discordo”
E também Botelho e Anarda ao lado...
Num barco num cais do rio Estige a bordo
Vi ali Domingos Lourenço de Castro
Construindo acrósticos a estibordo...
E como para não perder o lastro
Notei figura que ocultava a face
E era Anastácio Ayres buscando um astro!
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