Jophiel e suas 53 legiões
A Murilo Mendes, Cid Campos & Gershom Scholem
“ E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.” Gênesis – 3:24
“Uma vez demonstrado que há grande poder nas afeições da alma, saiba agora, também, que não há menos virtude nas palavras e nos nomes das coisas”. - Agrippa de Nettesheim
“And this, at intervals the language bright / Told her blue eyes; tho’oft the tender lid / Like Lilly drooping languidly; and white / And trembling – all save love and lust hid” Maria Gowen Brooks
I
Lá no mundo etéreo em que se situa
Nas miríades de seres celestiais
No vazio energético em que pontua
Existindo magnético ademais
O Mestre das coisas além da Lua
II
Companheiro do grande Metatron
Nas batalhas contra os infernais
E no âmago da luta usa com
Sua espada de fogos siderais
Repele o mal com força, luz e som…
III
O coro lírico dos querubins
Com vozes de cabeças animais
De Leão, de Touro, alados enfim,
Entoando cantos angelicais,
Que vão soar em variados confins…
IV
Nas guerras do céu contra o vil mal
Ao lado de Zadkiel ouve os ais
Dos que sofrem e gemem sem igual
E ao lado de Miguel abre o cais
Do abrigo contra a fúria infernal!
V
Quantas e quantas vezes já tiveste
A honra de se fazer sentir mais;
Já no Éden ordenando estiveste
A saída aos castigados iniciais
E assim à História nos puseste!
VI
Ensinaste, como mestre que és!,
Ao sábio Moisés segredos gerais
Da Cabala e do mistério das sés…
E mostraste a ele as belezas mais
Divinas das grandes aéreas galés!
VII
Diz Pseudo-Dioniso Aeropagita
Sobre seus poderes divinais
Na hierarquia celestial que acredita…
Paracelso escreve seus sinais
E Agrippa com seus símbolos o fita!
VIII
Chefe da grã-casa de Merari,
Auditando a leitura que elevais
Da Torá e do Zohar que aos ares
Dos sábados dos tempos ancestrais…
E seu coro canta por céus e mares…
IX
E quando passa Júpiter em Peixes
Surges anjo de luz! Com mil cabedais
De ouro, prata e estanho em feixes
Reluzentes! És um dos principais
Da Merkabah! Aflito não me deixes!…
X
Impávido guardião à árvore da vida!
Celebrado em variados rituais
E buscado em soluções às sofridas
Desventuras… Já ao tempo que reinais
Nas infindas chegadas e partidas!
XI
E eu escrevendo aqui neste papel
Este canto-poema cheio de meus ais
Numero a força de um nome: Jophiel!
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