Houvera mais de um oceano
e eu teria feito como faz o mar
quando afunda seus desafetos;
tábua após tábua desmontaria a máquina humana,
a afundaria como faz com o travesseiro
encharcado de água insana...
Houvera mais de uma filosofia
e eu teria escrito o livro absoluto,
sem a leveza do magnésio,
sem o pólen da ociosidade,
coberto pelo mais raro ardor,
quiçá de febre, de escorbuto...
Houvera mais de uma forma de amor
e eu teria inventado o que jamais
se poderia supor,
todos a se quererem sem repulsa,
a se ajuntarem na mesma gruta,
teria posto sobre a pele o unguento
que torna a todos partes do mesmo momento,
feito teria o que Deus um dia quis fazer,
que todos vivessem de amor
e só por ele quisessem morrer...
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