Quando estiveres triste como borboleta em seu casulo,
a reparar nas folhas que voam abraçadas ao vento,
a querer saltar em seu abismo mais fundo,
pense, delicadamente, por um momento,
que és a pedra preciosa em que o sol põe seu brilho,
és, na plantação que se alvoroça, a mais bela espiga de milho,
a paisagem mais bela que espia o firmamento...
Somos o mistério em forma de lucidez e esquecimento;
o amor, essa fagulha que acende noturnos vulcões,
em nós procria seus filhos, seus sentimentos;
somos as crateras que chamamos de corações...
Quando estiveres para parir a fera que nos come e não se sacia,
abrires a jaula das perdas e dos vícios que cuidamos em ter,
sinta, pondo nas mãos do anjo a consciência, ainda que fria,
que mais bela que a morte é a vida que em ti quer viver...
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