Por causa de você escrevo,
durmo tarde, acordo cedo,
aponto lápis, amacio a borracha,
por causa de você me perco,
nem as palavras me acham...
Por causa de você desenho
palavras que tem útero,
as faço cheias de paz e veneno,
matematicamente sem números...
Por causa de você respiro fundo,
caminho meio de lado, cambaleando,
busco dentro deste outros mundos,
não pergunte o porque, como e quando...
Por causa de você já morri mil vezes,
já nasci sem pétalas e com espinhos,
no Ganges fui lançado embrulhado na rede,
já bebi água, sol, sal, céu, luz e vinho...
Por causa de você questionei Deus
e suas peripécias, pus à prova seus arranjos;
saltei de precipícios e perguntei quem eu
deveria chamar: seus discípulos ou Arcanjos?
Por causa de você faço isto: escrevo;
me limpo pondo para fora poesias absurdas,
já não tenho coragem e muito menos medo,
minhas palavram falam muito ou são mudas...
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