Se nada tem para dizer
diga com a mudez
de uma ostra n'água
de um céu impávido colosso
com o silêncio de um osso
deitado em berço esplêndido
à beira de um riacho helênico
antes da guerra por Helena
diga-o como se valesse a pena
silenciar sobre o marulho do mar
se assim lhe é o motivo apenas...

Se tem algo para dizer que o diga
como o mar faz quando se atira
nas paliçadas erguidas como muralhas
por onde infiltra sua água
e derruba sonhos e metáforas
algo como dizer que não há mais sangue
ao Drácula...

A palavra depende de uma labareda
uma só faísca para acendê-la
um raio que do céu cai
e incendeia o que vem e vai
homens e outros animais
que pastam tranquilo à beira do cais...

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