Nesta carta deito rios e matas,
o que cabe neste imenso papel,
deito marcas de cortes de latas,
no canto deito o mais azul céu...
Deito corpos que se perderam em filosofias,
a mãe que perdeu o filho na passeata,
mais, a noite que abandonou o dia,
escrevo música nas linhas inexatas...
Neste poema sem eira e nem beira
beiro a loucura que se assanha e me busca,
sangro o coração da seringueira
e entranho seu sangue
no meu coração
que corusca...
Neste desalinho de palavras desalinhadas,
onde nem reparo na palavra felicidade,
deito a palavra mais desavergonhada,
que chamo de amor, ou então verdade...
|