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Acordar toda manhã,
se encantar com a vida que se abre, rosa dos ventos,
lavar o rosto do espírito e manter a alma sã,
colher, do relógio, as horas do tempo,
espalhar gestos de carinho e bondade,
se reinventar e caminhar pela cidade
feito um peregrino que soa do céu o sino,
ainda que velho, ainda que ex-menino...
Acordar a qualquer hora para fazer tocar o coração
a canção que recolhe os que se perdem, desavisados,
estender, não num gesto gratuito, a mão
para apanhar o perdão que nasce ao lado do pecado...
Acordar para a poesia da febre,
que no inverno enregela,
no verão aquece,
no outono espalha versos pelo caminho,
na primavera abre as flores a quem está sozinho...
Acordar a tinta que jorra de sua caneta febril
e com ela desenhar a esperança que nunca nos sumiu...
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