Tomei com as mãos
as sobras do vestido
e as ergui para poder
alcançar alturas maiores.
Os pés descalços doíam
na fricção contra o solo negro.
Ouvia agora bem próximo
a mim o ressoar dos trovões.
Minha alma tremia.
Os relâmpagos ofuscavam
meus olhos e meu pensar
já tão confuso.
A névoa agora misturada
à escuridão me envolvia por inteiro.
Sentia-me perdida
nada vendo a minha frente.
Pensei em parar, desistir,
mas o medo de me perder
no tempo empurravam
para frente.
Então ela chegou...
E num explodir do último trovão
a água desceu do céu
com tal força que seus grossos
pingos quase perfuravam meu corpo.
Meu vestido grudou nele.
A água escorria por todos os lados.
Os olhos nada mais podiam ver...
A tempestade interior chegou
com força total aniquilando tudo
o que via ao redor...
O peso da água em meu corpo
cansaram os pés descalços.
O céu descambou sobre a terra.
E o dia se fez noite...dentro de mim.
|