Acordei assim, um pedaço na Coreia,
(onde o ódio passa férias),
outro nos navios que naufragam sonhos
vindos da África,
mais um entre mãos de ferro
e estupros não consentidos,
acordei assim,
tão longe de você,
tão perto de mim,
onde a mata se descabela,
onde homens se reúnem e reinam
sobre uma raça de cocares e ocas trêmulas,
lá, onde a mão do amante tece luares
sobre um corpo adormecido,
ao lado da mesa onde assassinos assinam decretos,
claro, quis buscar a verdade,
dela estive tão perto,
só me resta este pedaço de pensamento
onde o que me acontece por dentro
transformo em palavras quentes e frias,
e a elas dei o nome de poesia...
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