A faca sozinha não é poesia,
nem o corte que surge depois de sua ação,
poesia é o sangue que escorre no chão,
que mancha o olhar de um triste dia
que saiu por detrás do sol a viver
das coisas que um homem pode fazer
depois que descreve sua vida vazia...
O sangue, sozinho, não é poético,
veja o médico que opera, cético,
tendo as mãos mergulhadas no rubro rio
que verte um homem quase rijo de frio,
é preciso que o sangue contenha
uma das almas da poesia,
aquela que o salva
de uma vida vazia...
O homem, sozinho, nada representa
diante da soberana palavra que lhe criou,
é só um corpóreo espírito
sentindo o tempo que o perdeu
e passou...
|