Quando nasci, sem ninguém me avisar,
me lançaram ao mundo, navegador desavisado,
entre tubarões nadei, arraias, cais ao longe,
mundo mundo vasto mundo,
me chamo Orivaldo,
não me chamo Raimundo...
Sinais de fogo, índios, cinema fenomenal,
barro seco nas unhas, gravetos nos dentes,
viver é mais do que ser gente...
Papéis, contratos, assinaturas, digitais,
dedões lançados no papel em branco,
renúncia ao Paraíso, a terra, vasta terra,
redonda, esférica, simples, complexa, colérica,
fogo cruzado, religião, papo de boteco, política,
a ciência correndo atrás do espírito,
o espírito fugindo do grito,
homens impecáveis,
outros, não...
A eternidade espia de sobre o monte,
fugaz a vida do homem, tão fugaz que nem existe,
somos passageiros recebidos pelo marcador de passagens,
subimos no primeiro vagão, andamos e andamos,
mal chegamos no meio do caminho (tinha uma pedra),
descemos onde Deus quer e o Diabo manda,
nem chegamos à juventude do infinito,
cessa, silenciosamente, nosso mantra...
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