Faça dos teus olhos um rio,
preciso passar com minha barcaça,
deitar-me à praia de tua alma,
sentir a liberdade tocar minha face,
devorar-te e ser devorado,
debaixo do sol sagrado...
Deixemos as ruínas para trás,
as pontes caídas e as cidades submersas,
não podemos mais contar mentiras,
o elástico está esticado demais
e os dançarinos podem cair do palco...
Nos abracemos como fazem os galhos da árvore
sob o vento que vem de sobre o mar furioso,
olhemo-nos no fundo dos olhos e procuremos
nosso espíritos, tristes e ansiosos,
deixemos essa fúria carnal avançar,
não podemos mais nos soltarmos
sob a pena de sermos levados pelos cardumes...
Toque a palma de minha mão e leia minha alma,
fustigue a letargia e sigamos ao lado dos mares verticais,
sobrou uma porção de amor, congelado, na geladeira,
acendamos nosso fogo e nos alimentemos
e façamos a festa para nossa ressurreição...
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