Vou à feira com você para escolhermos,
pegar o que gostarmos, satisfazer desejos,
voltarmos de sacolas cheias, revigorados,
vamos lá, é hora de começar...
Quero conviver com negros e brancos de um modo pacífico,
sem olhares fugazes e desprezíveis, sem leis de partilha,
lei para todos e não para alguns,
blues para todos...
Sei o que você quer, você me disse,
respeito é bom e eu gosto, mulheres abusadas,
mulheres violentadas, mulheres sacrificadas
em nome do mais bestial sentimento, o amor,
carnificina em casa, na rua, no coração
da flor mais bela...
Quero desarmar os desalmados e amar os mal amados,
fustigar o ódio até que ele apareça e o dominemos,
acender a luz no pátio das execuções,
abrir as comportas de todos corações,
escrever a nova bíblia,
separar o joio do joio e o trigo do trigo,
ambiguidade é só para rostos perdidos,
conhecer, enfim, o sentido da palavra amigo...
Você me disse que quer a pílula da mutação,
que mova o perigo para fora do coração,
que desçam os anjos das torres de onde nos observam,
que saiam às ruas as hostes de postes elétricos
para que tirem das sombras os seres patéticos
que andam com dinamite e pólvora nas mãos...
Queremos muita coisa nessa feira,
a maior delas, é que remova a besteira
o lixeiro que vem do infinito,
o maior de todos,
que escute o nosso grito...
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