XXXIII
Quinta-feira, sexto dia do segundo mês do ano dommini de 2014 - Manhã nublada, ameaça de chuva e na esperança que os ferros cheguem hoje. Já perdi a fé em Nazario,o empreiteiro, como desconfiava. Mas Deus é Grande! Vou adiantar o trabalho, fazendo as dobradices e os ferrolhos. A grande filha do professor Murilo,o cheiro do mato molhado. O casal. Comprei um quilo de arroz, professor não foi para o trabalho. Vou imprimir aos poucos, depois encaderno-os - mando xerocar e reduzir e envia-los para as editoras e sonhar um pouco. Se os resultados não forem positivos, no final deste ano enviarei para o Clube de Autores de Joinville.
Tudo pronto, esperando os ferros.Peço a Deus que chegue hoje. Não sujarei o meu diário com idiotices proferidas por um idiota colega de profissão que se acha o máximo. Vou ler Tolstói, esse sim é um dos mestres da santa sagrada literatura nossa de cada dia. Bon voyage!. Seu Drácula, um misto de pedreiro e carroceiro apareceu com sua carroça puxada por seu jumentinho caolho. Amarrou-o no beco estreito entre mim e meu vizinho Seu Biné e veio sentar-se no banquinho de madeira e contar as ultimas novidades. Ele esta trabalhando para a irmã dele num terreno no bairro do Aquiles, erguendo uma casa. Vai ganhar quatro mil reais e com esta importância pretende adquirir um utilitário para fazer frete. Falou-me com entusiasmo sobre o terreno que o padrasto deixou pras bandas da Vila Maranhão e que estava abandonado e ameaçado de ser invadido, já tinham levado os mourões e o arame da cerca. Concluo a leitura d e "Guerra e Paz" - a momentos que aqui assemelha-se a uma cidadezinha do interior, pouco ou quase nenhum movimento,tanto de veículos como de pessoas. Gostei muito de Tolstói, é soberbo na arte de contar ou melhor de narrar uma historia.O sol reapareceu com firmeza, mudei de roupa, tirei a bermuda suja e vesti o calçãozinho. O caminhão de lixo e seus garis apressados e suados, jogando os sacos de lixos e deixando o rastro de o odor nauseabundo. Para matar o tempo folheava algumas paginas do Aurélio. Reli um ensaio que escrevi sobre as minhas primeiras experiências sexuais na Grande Casa Bamba da Rua Afonso Pena. Primeiro com uma prima mais velha, depois com uma afilhada de mamãe e por fim com uma senhora profissional velha e experiente. Eram tempos bons e inocentes. Naquela época ninguém desconfiava de nada e toda as noites eram maravilhosas. Um dia quem sabe ainda escrevo sobre essas aventuras. Ainda me sinto inseguro para realizar um projeto de tamanha envergadura e como diz o velho mestre Miller para escrever e preciso não fazer nada ou seja concentrar-se somente na sua escrita e escrever, escrever e escrever. Vou lê-lo novamente e suas bocetas ululantes.. Uma descoberta, ele amava Dostoiévski, assim com eu também, por isso que vejo certa semelhança no uso repetitivo da expressão 'de repente'.
Começo da tarde
Meio-dia e quarenta - Na paz tranquila no lar dos Bambas. A situação esta caótica,quem salvou a pátria foi um cartão. Mas amanhã com será? A fome ronda e para complicar os ferros não chegaram e o sacana do Nazário, o empreiteiro não foi buscar as suas grades. Entrego nas mãos de Deus.
17:10 - Irei digitar e talvez imprimir, mas a grana esta curta.
Noite
19:30- Digitei, mas não imprimir,o amiguinho não estava. Me sinto febril, devido uma irritação na garganta até pequenos calafrios.
20:20 - O corpo todo dolorido principalmente nas juntas,um mal estar. Começou com um´pigarro na garganta depois que chupei um suquinho que companheira gravida de Danielzinho comprara nós. Seu Pietro chegou marcou o território deixando suas malas, mochilas e sacolas na sala do computador e saiu para a casa da irmã aqui próximo. visto outra camisa.Me sinto mal mesmo, o dedo lateja,penso que não posso ficar doente agora,já basta as molezas anteriores, tentei ler, mas o mal-estar não contribui.
21:10 - Relendo as aventuras de Jack Kerouac pelas estradas do meio-oeste.
22:40 - Minha cunhada esta toda contente, o seu amado 'filho pródigo' esta de volta e já expulsou Larissa do computador,a única diversão dela. Vou deitar-me, estou péssimo.
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