Os olhos que tenho já não são mais meus,
já foram os que olharam dentro dos teus
à procura de mim, do horizonte o fim,
hoje faróis de muitos portos,
luzes de emborcos,
sombras de acontecimentos
por fora e por dentro...
Senão, o que se passa quando vejo fragatas
e sei que lá estão pedaços de minha âncora,
peixes da minha fome,
risos do meu infortúnio?
Esta sombra que me acompanha
já não é minha,
é do sol, que a mim envia para que me siga,
surja ao fim da tarde que cai, dolente...
Este que enxerga
já não vê a minha paisagem,
mas a que chega tarde,
quando teus olhos
vagam sobre as ilhas pavimentadas...
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