Eu vi você passar, apressado,
era você, mapa na mão,
foguete debaixo do braço,
de luz em sua fronte um arco,
correndo para vencer o tempo,
asas nos pés, sei que era o que és,
avançando enquanto o tempo corre,
nervos retesados em busca do pódio,
escrevendo a perfeita poesia
para chegar ao templo da criação,
era você escrevendo à mão,
olhos iluminados e sobrancelhas encilhadas,
era você, eu vi,
só, pela estrada,
com todas as palavras já ditas pelos homens premiados,
como se cumprisse um pedido, eras um soldado,
seguindo o fluxo da imaginação
imaginado-se prestes a descobrir a canção
que os deuses cantaram quando da criação dos mundos,
era você, saltava de teus olhos um sentimento profundo,
acenava ao vazio como a neve acena ao frio,
um sorriso, de repente, pousa em teus lábios,
era como se tivesse encontrado,
era você, o mais humano dos homens,
perfeitamente ignorante,
perfeitamente sábio...
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