Um homem andando por uma trilha que parece não ter fim,
este mesmo homem um dia foi um soldado de uma guerra perdida,
havia barricadas, montanhas feridas, tigres à solta, elfos inimigos,
um homem não faz economia de sentimentos quando está em luta,
para, ouve, escuta, percebe, separa a água do barro,
um homem assim escuta os grilos e o cantar das bazucas,
não lhe pergunte se é só isso que escuta,
enfia a mão no bolso e voa na foto em sua mão,
este homem que abraçava seus dois filhos,
este homem que ria com os cães buscando galhos,
andando pela trilha sem fim não parece cansado,
anda, sim, ocupado com seus sentimentos em conflito,
pode andar milhas e parecer que nunca chegou a lugar nenhum,
suas botas sujas e sua calça surrada não lhe parecem importante,
carrega dentro de si a saudade de sua terra e seus campos,
o rio que corria manso com seus peixes todos parentes,
um homem assim não mais pensa em destruição,
sabe que o caminho é longo e a alma está muito distante
de encontrar um lugar onde encostar a cabeça e repousar o corpo,
já não pensa em flores, sanduíches, pasta de dente, anéis,
o que fervilha em sua cabeça é só um pensamento,
abraçar os seus, rir e chorar com eles,
esquecer que o tempo de riscos e impropérios ficou para trás,
só quer a sua cama e que seus filhos estejam dormindo em paz...
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