Me chacoalha a memória
à procura de histórias que ainda não vivi,
sobre o assoalho do tempo escreve momentos
que sei perdidos,
a falta na escola,
a bola furada,
a mesada,
quando ergui minha silhueta e vi
o simpósio lunar
temi
estar morto
como navio dentro do mar,
fui do nada ao um pouco
num segundo louco,
bebi do cálice que me oferecia a poesia,
gargalhava, sim babava,
melhor é se oferecer ao inaudito,
escutei o grito
selvagem
da cachorra alimentando seu filhos,
procurei por mim
e não havia um só espelho,
confortavelmente à minha frente
meu olhar
repetia
que não havia um só desejo
à venda,
menos ainda
uma alma que se renda...
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