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O MEU DESTINO
FRANCISCO MEDEIROS QUARTA

O MEU DESTINO

Quando a dois de Maio nasci,
Tantas coisas me aguardavam!
Era pequeno, cresci;
Entre o Mal e o Bem vivi,
Ambos conselhos me davam…

Sem saber o que fazia,
Desconhecendo a maldade,
Com inocente alegria,
A qualquer deles seguia,
Usava de liberdade…

Que falta de semelhança
Eu neles via imprimida!
Mas que sabe uma criança,
Para ter desconfiança
Nos reveses que há na vida?!...

Nasci numa freguesia
Pequena, linda, atraente.
Brincava, chorava, ria;
Influência recebia
Do bom e mau ambiente…

Ali criei amizades,
Mas tive de me ausentar;
Tristeza, porque me invades?
Deste origem às saudades
Que suportei, a chorar…

Atravessei oceanos,
Por longes terras vivi;
Correm meses, passam anos;
Venturas e desenganos,
Misturados, reparti…

Aos poucos fui aprendendo
Que isso tudo a vida tem.
Quer gozando, quer sofrendo,
Vou-me então apercebendo
Da luta entre o Mal e o Bem…

Distingo o vício, a virtude,
Formulo uma opinião;
Mesmo assim, quem não se ilude?!...
Persiste a minha atitude
E, eterna indecisão…

Quantas, quantas ilusões
Que não revelo a ninguém!
Lindos sonhos! Que ambições!
Compensando as más acções,
Pratico boas, também…

Há na terra onde vivemos
Amizade e podridão!
Como da carne nascemos,
Escravos da dor seremos,
Tal como o símbolo “Adão”!

Cada qual tem o seu drama,
E ninguém pode fugir.
Criticamos a má fama;
Porém, vivendo na lama,
Quem o fará, sem cair?...

De há muito conheço o vento,
A chuva, frio e calor.
Mas, ah! Que doce tormento!
Enlaçou-me um sentimento
A que chamaram…Amor!...

Qualquer humano deseja
Ter a ventura dum lar.
De manhã, seus filhos beija;
Só por eles não fraqueja,
No seu constante lidar.

Já que ao mundo fui chamado,
Nele pretendo viver;
E, trabalhando, integrado,
Quero amar e ser amado,
Dar carinho e… receber…

E, para singrar, na vida,
Vencer esta hesitação,
Numa luta desmedida,
Ao meu favor resolvida,
Terei de ganhar o pão!

De que me vale sonhar
Com ventura, a cada hora?
Ter filhos, esposa, um lar…
Porque não hei-de tentar
Minha sorte, sem demora?...

Incapaz de resolver
Tão grave situação,
Meu Deus, o que hei-de fazer?...
Terás muito que sofrer!
Resigna-te, coração!


Este texto é administrado por: ANTÓNIO MANUEL FONTES CAMBETA
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