O tempo me indicou você:
o melhor a fazer é procura esta pessoa,
ela sabe como a vida segue e o sino toa,
tem a fórmula que o amor a ela repassou,
segredo oculto de quem realmente amou...
Bato à tua porta e não estás,
ouço apenas o barulho do mar
dentro de tua casa,
um redemoinho fogoso,
um farfalhar de asas...
Espio pela janela e lá está o que procuro,
um espelho arredondado brilhando no escuro,
que espera pela minha pergunta ansiosa:
espelho, espelho meu,
existe alguém que menos saiba, do que eu?
Ri o espelho de pergunta tão sutil...
Sim, diz-me ele, muitos e diversos;
o que sabe da madeira o prego?
Ou então a borboleta, o que sabe do vento,
a não ser voá-lo, por instantes, momentos?
Sabe o rio do seu fundo, de suas pedras,
como sabe o terapeuta, de tantas perdas?
Sabe o tempo o que come ou devora
se não sabe quando a fome vem, a que hora?
Calei-me, feliz, por não saber a resposta,
sabia-me barco ansioso à procurar
ansiosamente a costa...
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