Os sírios, no desespero da sobrevivência, invadem a Europa em busca de esperança. Sua terra foi-lhes negada. Intolerância da guerra. Não há mais pátria a ampará-los com sua segurança. Jogam-se na aventura da incerteza. Da busca de um abrigo, que pode vir a ser sua salvação. Fogem das bombas sem qualquer estrutura. Abandonaram tudo. Não olham para trás. Encontram-se totalmente perdidos no caos que normalmente é o mundo. Homens, muitos. Mulheres e crianças, minoria em uma horda fugitiva. Choque de culturas. A acolhida fica estarrecida. Não houve planejamento para se receber tantos seres desempregados, famintos, desesperados. Muitos ficam pelo caminho...
Notícias na TV, na internet. Revistas, livros, jornais. Fatos, acontecimentos. Tão longe e tão perto. Assalto à porta. Bala no trânsito. Socos. Xingamentos nas relações.
Nesse pandemônio de incompreensões e desentendimentos na frágil vida sobre o planeta, uma tênue luz traspassa a escuridão de um cubículo, de uma mente, de um coração. Procura aquecer o frio da dureza de espírito com a gota da alegria que faz renascer com o sopro da primavera, com os sorrisos das crianças, com a dependência afetiva do ancião. Compaixão faz-se necessária na rotina do dia. Um pensamento de amor envolvido em prece pode mudar a cor dessas páginas escuras. E a mensagem do menino abre-se no céu. É a luz mansa que chega e penetra com firmeza o baú das dores dentro de cada ser habitante deste chão.
Faz-se presente o Natal em meio aos homens. Lembra a cada um a necessidade de continuar a viver seu presente. E usar a sua vida com seus atos e ações para tornar real uma sociedade de paz baseada na tolerância das relações. Futuro escreve-se com o presente da coexistência.
O Natal clama aos corações. Suplica: deem-se as mãos! Façam a aliança da vida. Tenham a responsabilidade de abrir os braços para o futuro e receberem em dádiva um solo promissor.
Na rua da favela, uma criança chora. Solitária. A guarnição policial a aborda para saber se está perdida. Ela nega. Diz que é seu aniversário e sua mãe não pode comemorar por falta de recursos. Os soldados são tocados pela mão do amor. Cotizam-se. Compram bolo, refrigerante e levam a menina para casa onde festeja com a família mais um ano de vida.
Dentro de cada um desses milhares e milhares de terráqueos um menino declara: já tirei suas dores; já perdoei teus pecados; falta vocês se perdoarem a si mesmos e agirem com amor ao outro; revejam e pratiquem meus ensinamentos. O Natal habita 365 dias dentro de cada ser. Um simples gesto faz-me renascer dentro de cada um. Reafirma que minha doação em sacrifício, não foi um desperdício. Tenho esperança em suas evoluções em direção ao meu reino. Não me usem para justificar guerras, brigas, desavenças, loucuras de desamor, violência e extermínio dentre outros pretextos. Sou o que sou. Amor.
O Natal faz-se presente, outra vez é hora de reflexão.
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Biografia: JANIA SOUZA, potiguar da cidade de Natal, bancária da Caixa, economista, contadora, ativista cultural, poeta, escritora, artista plástica. Sócia Fundadora da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN (SPVA/RN), onde exerceu os cargos de Coordenação Geral; Direção Executiva; Direção de Eventos; atualmente integra o Conselho Fiscal. Organizou as edições da ANTOLOGIA LITERÁRIA da SPVA/RN, volumes 01, 02, 04 e 05, encontra-se a organizar o vol. 06. Participação em várias coletâneas nacionais, inclusive na Komedi e na Nau Literária. Pacifista e voluntária no Projeto Fraldinha, que promove a construção de uma consciência cidadã em crianças a partir dos 04 anos até jovens com mais de 20 através da prática do esporte futebol, xadrez e palestras. Sócia da UBE/RNA; AJEB/RN; Clube dos Escritores de Piracicaba. Afirma que a arma da vida é a leitura. Contato: www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com |