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O EPITÁFIO DA ESCRITA MANUAL
DIRCEU DETROZ

Em 1981 Roberto Carlos gravou a música “As Baleias”. Nela ele canta do dia em que nossos netos perguntarão o que aconteceu com as baleias. Dos motivos delas só serem vistas em museus, e séries antigas dos canais de televisão.

Eu também acredito que as baleias estão condenadas a extinção com uma convicção. Antes das baleias, veremos a morte da escrita manual. Essa que aprendemos desde pequenos com a ajuda de canetas e lápis. Esse modo tão simples de escrever a mão estará morto antes que se passem dez gerações.

As crianças entre seis e quinze anos são as únicas que ainda escrevem a mão nos dias atuais. E escrevem porque de alguma maneira são obrigadas. Nas provas a letra mais escrita e quase única é o “X”. A Raça Humana vive um momento de transição perigoso.

Estamos todos convictos que dominamos a tecnologia. Grande engano. É a tecnologia que está nos escravizando com doses abissais de hipnose. Pior é constatar que esse caminho não permite volta. Já pensaram como seria difícil, de repente, ter de aprender a escrever a mão de novo?

Então daqui a dez gerações, talvez, nossas crianças não irão aos museus pelas baleias. Muitos museus pagarão alguns milhões por velhos cadernos de caligrafia, para depois exibi-los ao lado de obras e esculturas famosas. A caligrafia manual será a atração.

Ou, os canais de documentários anunciarão com toda a pompa sua nova série: Quarta-feira as 22h00min não percam no “History” a estreia da série “Como nossos antepassados escreviam”. Uma estreia mundial.

É uma pena que a enchente destruiu quase todos os livros caixas de contabilidade do escritório em que eu trabalhava. Minha colega de trabalho tinha e ainda deve ter uma caligrafia maravilhosa. Uns apenas escrevem. Outros escrevem com arte. Era o caso da minha colega.

Pensando nisso agora, cheguei à conclusão que bem guardados certamente eles seriam relíquias, e muito disputados pelos museus mundo afora. Já imaginou isso Bernadete?

Quase consigo visualizar também, as manchetes dos noticiários e dos jornais, no dia em que alguém entrar numa caverna e descobrir uma preciosidade. As imagens e as fotos mostrarão a mensagem de amor deixada para alguém. Escrita a mão, na caverna estará à frase “Eu te amo!”.

Na evolução da raça só tem contado o que caminhamos para frente. Deveríamos ficar atentos com as heranças que estamos esquecendo. Comemorar menos nossa escravidão.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
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