Do ócio a foice retiro,
a capinar em mil suspiros,
atravesso costelas de campos
coberto pelo céu mais amplo
que um dia vi;
eis-me aqui
a ceifar e a plantar e a colher
o que nesta terra urgente iria se perder...
O suor que se me escorre
desfaz a sede de pedras sedentas,
o mar de sonhos me socorre
e à minha pele grudenta
carrapichos e capins,
lanhos e feridas:
o que seria do amor
sem lutar por ele nesta vida?
Antes que o sol deponha seu séquito amarelo
e se guarde entre fiapos de nuvens cinzentas,
me recosto à sombra do ipê alto e singelo,
que meu corpo repleto de amor sustenta...
|