Vem
traz-me o que peço sem pedir,
algo que possa ter e me consumir,
novo ao velho que mora em meus olhos cansados,
velho como o tempo que do cego mora ao lado,
que degele essas geleiras de solidão,
ruínas de gelo sobre o quente carvão...
Vem,
afaste os lobos da memória que me pedem, vá,
que rosnam às lembranças como as ondas ao mar,
cumpra a promessa que fizeste ao cair da tarde,
que aparecerias como o sol que a tarde invade...
Vem,
troque o cinza pelo ouro que brilha como o sol,
repares a cumeeira, limpe a calha,
desfaça a cerca que impede a rua
de se tornar a ponte para o futuro,
que se cumpra mesmo que não haja destino,
o passado passa como o pássaro sobre o muro...
|