Dorme, palavra,
que hoje é a carne quem andará, errante,
errará de rumo, inconstante,
a pecar e a procurar perdão,
fechará lírios, provocará invasão...
Nina-te, palavra,
que ao lado de teu berço não me porei,
a ti não darei nada
que a mim não me servirei,
um verso, uma voz, uma balada...
Descansa, palavra,
que o elmo de minha luta lutará por ti,
combaterei os que se provém do silêncio,
os que nunca te ouviram gritar e pedir
que tua existência abate o filho do tempo...
Suave, palavra,
faça-te ao menos nesta única vez,
ressone até que acabe a madrugada
de acordar e acaricie tua bela tez
e se ouça, de ti, o teu nome, palavra...
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