Anda a terra, a rodar,
desconsolada...
Sobre seu húmus corpo
abrem estradas,
rompem rochas com dinamite,
ouve-se noturnos lamentos tristes
que os rios às margens espalham
sobre os bons, sobre os canalhas,
vê-se no sol poente seu triste olhar
que busca esconder-se no fundo do mar,
seu canto de entardecer nos arrepia,
nada a conforta, nada alivia
saber que de suas entranhas
arrancam ouro, prata e bronze,
não para dar aos vencedores,
mas para seres que nem de longe
se parecem à semelhança de deuses...
Anda a terra a girar
sobre suas inexistentes pernas,
a pedir ao criador do universo
que a conforte criando almas boas
antes que a sua, pela voracidade,
ignorância, avareza, se corroa...
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