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Não fui eu quem apagou a luz
Inthedeep

Lembro-me de quando era criança, o quanto gostava da escola. Dizia para quem quisesse ouvir: eu amo vir à escola! Isto era motivo de surpresa, de chacota até, quando emendava que nas férias contava ansiosamente os dias para voltar para a sala de aula então, era chamada de “nerd”, “CDF” ou até doente. E era alcunha vergonhosa na época (apesar dos meus 16 anos, sim, designo esse tempo de época), quem era nomeado negava piamente. Atualmente, as pessoas querem ser nerds. O que é uma ironia, posto que quando fui uma verdadeira “CDF”, não era nada legal e, talvez, hoje seja assim para nos ensinar que devemos assumir quem somos no tempo que ainda somos quem somos. Entende? É realmente complicado e mais complicada ainda é a ideia de que a vida nos dá lições, há um ser que nos controla? Se há, nós realmente existimos ou fazemos parte de um tipo de passatempo para essa pessoa, ser, ou seja lá o que fosse? Aí está, os filósofos deveriam pesquisar muito mais a fundo. Deveria ter sido quem eu era quando tive minha vez. Não que hoje seja eu uma imprudente, porém em comparação ao o que era, estou muito mais “relaxada”. O que não significa não estudiosa, hoje sou sincera comigo, me orgulho muito da minha fase nerd, mas convenhamos, aquilo não era eu, em toda minha infância não era eu. Mas tudo bem, deixemos de drama. O assunto da infância ficará para uma outra crônica, se bem que não sei ao certo se o que escrevo tem nome, não sei se há categoria para tais palavras confusas e malditas. Para alerta geral: esta, vamos lá, crônica não é sobre a beleza da infância ou um texto alegre. Se me conhecesses em minha verdadeira essência, saberias o quão incógnita sou, tenho um certo fascínio pela melancolia, sou alegre sendo triste. Mas não sou triste e ninguém é, estas antíteses todas que há na vida são bobagens, não há um ser pleno de um sentimento e afirmo com toda certeza. Você nunca fica realmente triste, muito menos realmente feliz.
Antes que penses, como uma pessoa fisicamente próxima a mim, não, eu tenho sim o que fazer. Nós, reles adolescentes, não somos como nos descrevem, aquela visão é totalmente frívola. Sinceramente, nos representar como pessoas inconsequentes, com hormônios a flor da pele, que não se interessam por um Machado de Assis ou uma Clarice Lispector, é desrespeitoso. Existem pessoas e apenas pessoas. Não há essa idiotia de fases, isso só foi criado para que nós mesmos nos compreendêssemos e pudéssemos evoluir.
Não sei ao certo quando isso começou, creio que tenha sido desde que acordei (na outra crônica, que intitularei de Piloto Automático, o entendimento do meu discurso será expandido). Quando acordei, percebi o tempo que perdi, e como imaginamos o tempo precioso, e, talvez, seja mesmo, ainda não me decidi sobre isso.
À medida que crescemos, nossa alma, se é que a temos, escurece e no fim da vida se dissolve. No meu caso, a minha já se encontra negra. E a cada dor presa ao peito parece enegrecer mais ainda, além de matar você aos poucos. Dependendo do ângulo isto pode ser favorável.
Neste exato momento, no escuro do meu quarto, estou neutra, nem triste nem feliz. Na verdade não sei o que preferiria. Ser triste é estar vivendo enquanto estar feliz parece ser não só uma ilusão, mas uma arapuca para que sua tristeza seja intensificada. Explicarei: na nossa rotina normalmente ficamos neutros, alguns picos de alegria, surpresa e outros sentimentos aparecem, mas passamos o dia agindo mecanicamente. O adulto trabalha exaustivamente e volta pra casa mais cambaleante e sem cérebro que um zumbi. Isto é sério, às vezes sinto que sou umas das poucas pessoas que estão acordadas, pois se olhaste na cara das pessoas depois de um suposto dia de trabalho, se espantaria. Depois querem saber por que nós jovens, somos tão indecisos e não queremos iniciar a vida adulta. Por que será que cada vez mais existe o “complexo de Peter Pan”? Quem enxerga de verdade, vê que isso não é Carpe Diem, se é, os antigos clássicos estão enganados. Um sujeito com rotina, estabilidade e tudo que desejamos atualmente, diria que é feliz. Mal sabe ele que ele nem é ele mesmo, é apenas um instrumento do mundo supérfluo criado. Já uma pessoa que é triste, sabe que está vivo, pois, raciocine, se você tem o luxo de ter tempo para se entristecer, logo, pensar, já que a tristeza nos leva a descobrir as maiores verdades, então você não é um instrumento. Isso é vida de verdade! Ao menos para mim, o confuso da áurea racional é que cada um de nós tem uma visão diferente sobre determinado assunto, então, fica difícil escrever ou expor o que pensamos, por poder ofender alguém ou, no caso de uma grande parte ignóbil (perdão pelo peso da palavra, mas considero a mais adequada) da nossa sociedade, ser atacado verbal e/ou fisicamente.
Bem, foquemos na escuridão da minha alma. Há semanas, tive muitas crises, por motivos variados e nessas horas percebo o quão insignificante nós somos, eu sou. Somos tudo nesse nada imenso. O mais deplorável é uma dor “psicológica” conseguir se desdobrar em física. Enquanto minha possível alma se retorcia e esperneava silenciosamente, meu peito doía e parecia se expandir. Dói muito, parece que eu mesma não caibo em mim. Creio que seja por isso que algumas pessoas se cortam. Para tentar esvaziar. A sensação é tão ruim que você prefere substituir o interno pelo externo.
Como disse, ou não, sinceramente não me recordo, minha alma é negra, às vezes cinza, mas negra. E não fui eu quem apagou a luz, não sei quem foi e se há quem a apague, apenas sei que há um breu. Quando revelo isso, penso nas pessoas que desdenham da dor dos outros. ODEIO DESDÉM, ODEIO! Entendo o porquê dos ditos gênios das várias artes serem tão criticados e desdenhados, por que a cada dia a tristeza é menos permitida. Parece- me uma obrigação alcançar a felicidade plena ou simplesmente viver             (Levantando assunto polêmico da eutanásia, opa!).
Ter a escuridão em si, quando você teme o escuro é a piada mais sincera do mundo. Ter medo de algo que faz parte de você. Contudo, se percebemos estamos envoltos em ironias.
Ao contrário do que achei, esta... Este amontoado de palavras ficou alegrinho. Talvez deva escrever uma nova versão quando estiver em crise, captaria mais o sentimento. E mostraria significativamente que não fui eu quem apagou a luz.


Este texto é administrado por: Larissa
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