Pois o “Cabeça” é um dos amigos que fiz quando dei com os costados por estas plagas da fronteira. Companheiro e amigo de infância dos meus cunhados, sempre foi um sujeito muito apreciado por todos e era e ainda é conhecido por ser um especialista em estraçalhar sem dó nem piedade “ditados” conhecidos e por frases de efeito que fizeram e ainda fazem muito sucesso por aqui. Por intermédio de alguns amigos comuns, fiquei sabendo que a teoria do “Big – Bang” era explicada pelo “Cabeça” da seguinte maneira: - Aconteceu uma “fodida” explosão e foi tudo se expansando, se expansando, e aí apareceu o universo... Em uma outra ocasião, quando se irritou com alguém, bradou raivosamente ao desafeto: “ - Agora tu vai ver com quantos paus se faz uma tábua”. Querendo evitar uma briga, preferiu sair de perto “para não levar um tiro á queima bucha”... Lembro que alguém contou que o nosso herói tinha, quando guri, um porquinho como animal de estimação. Sem dúvida, era um pirralho diferenciado... Agora um sujeito bem casado, quando estava na adolescência, talvez por alguma encrenca amorosa nunca revelada, recusava-se a namorar, pois achava que “mulher é coisa do diabo”. Inimigo implacável dos nossos políticos, alvos de ácidos comentários por telefone nos programas de rádio da terra, onde intervem assiduamente como ouvinte, não poupa nenhum. Para ele, não passam de uma “manga de salafrários”, cujo lugar é na cadeia. De qualquer modo, não sei se o apelido do sujeito deriva do tamanho da cabeça do dito cujo, ou da intensa produção mental do mesmo. Fã de cinema, não perdia nenhum filme com o “John Wainer”, seu “cãoboy” preferido. Refinado apreciador de música, o seu intérprete favorito era o “Rock Stwart”. Como conhecedor e apreciador de vinhos, o preferido é qualquer um, desde que seja um tinto de garrafão. Embora tenha concluído o curso de Ciências Contábeis, onde foi protagonista de memoráveis duelos verbais com os professores, quando a ”última flor do Lácio, inculta e bela” era impiedosamente estraçalhada, o “Cabeça” adotou a honrada profissão de pintor, sendo considerado por aqui um mestre dos pincéis e das tintas. É verdade que teve problemas com a “estastistica” e a incógnita "Y", por ele conhecida como “iplisom”, mas concluiu o curso superior tranquilamente. Ás vezes nos cruzamos pelas ruas da cidade, embora seja difícil de reconhecer o homem, pois prefere andar de moto. Aliás, parece que ele tentou conseguir uma autorização judicial para andar sem o capacete, alegando ser difícil encontrar um modelo apropriado ao tamanho da sua cabeça, mas não conseguiu nada. As más línguas diziam que o acessório não entrava facilmente na cuca do “Cabeça” e também não saia facilmente... Para mim, é mais fácil identificar o Cabeça pela barriga, que parece aumentar á cada ano, pois o nosso mestre do vernáculo é também um adepto incondicional da costela gorda e da mortadela castelhana. Também o vejo ás vezes empoleirado em alguma escada, entre latas de tinta e pincéis, empenhado em seus afazeres de pintor e discutindo veementemente com os seus auxiliares alguma questão da política internacional ou espinafrando o Prefeito, os nossos vereadores e os políticos em geral, sem que o trabalho seja interrompido. Parece que ultimamente as coisas andam mudando, pois um amigo comum me disse que “agora sim acreditava ser possível o ser humano evoluir”, pois vira o “Cabeça” em um restaurante da cidade, servindo educadamente a esposa e o filho e tomando um guaraná! Andam até dizendo que ele está se preparando para ser candidato a algum cargo eletivo! Parafraseando o “Cabeça”, “fico com a pulga atrás da ovelha” com este comportamento! Não sei se isto é verdade, mas não é uma boa notícia e tenho que me apressar, pois está nos meus planos a elaboração de um dicionário de “Cabeçês” completo e se o homem parar de produzir estas “pérolas” vou ficar sem este precioso material, pois segundo o “Cabeça”, “há males que vem para pior”. Vamos providenciar algumas costelas gordas, dois ou três garrafões de um “Sangue de Boi” tinto e combinar um churrasco na madrugada. Juro que desta vez vou documentar o "Cabeça" para a posteridade! Se possível, filmar o sujeito! Quem sabe não sai um documentário? Preciso que ele me explique a versão atualizada para a “Teoria do Caos”, faça uma releitura da Relatividade ou avalie criticamente o momento político atual... Dizem que a "erudição" fica sensacional depois do primeiro garrafão terminar. Não importa que ele insista em me chamar de “Ribero”, ou que tenha que contratar os seus serviços de pintor mesmo que não precise. Sem dúvida, vai ser um papo “cabeça” e vamos “matar dois coelhos com uma caixa d`água”. Como ele diz, pois também é fã do Raul Seixas, “o homem é uma metamorfose cambaleante”, com o que concordo plenamente, ainda mais depois de um churrasco na madrugada regado a vinho vagabundo de garrafão... Se ele me explicar direitinho aquela coisa da teoria do Big - Bang, está lançada a candidatura do homem para governador, como “cabeça” de chapa. Já tenho até o slogan da campanha: “ Para Governador e para “expansar” o Rio Grande, "Cabeça" na Cabeça.
Luiz Carlos Rivera
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