À beira de um lago de águas claras, transparentes e refrescantes, acomodei-me sobre a grama verde oliva e estiquei minhas pernas, fazendo meus pés, descalços, mergulharem na água, fazendo-me sentir todo o frescor que aplacava o calor que naquela tarde fazia; sim, um calor modorrento e sem ventos; mas a tranquilidade do lugar e o frescor das águas, fez com que eu pudesse me afastar do "eu" interior, ingressando em uma dimensão paralela, onde não era afetado pelo clima, pelas aflições, pelas dúvidas, pela soberba de alguns ou pela extrema pequenez de outros. Nada me afetava ou podia atingir; estava alheio, alhures, em um lugar tranquilo e afável. Fiquei por lá não sei quanto tempo, mas ao voltar, ainda com os pés mergulhados na água, agora fria, o que talvez tenha me forçado retornar, percebi que já não havia sol, não havia luz, havia só o som do silêncio, ordenando para sair. Enxuguei os pés, calcei os sapatos e obedeci a ordem do silêncio, saindo revigorado em minhas forças, pronto para enfrentar as batalhas diárias comuns à vida...
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