Florescia uma roseira,
num parque, em belo jardim,
em meio a dálias e cravos,
jacintos e um jasmim.
Tão formosa e bela planta,
cinco rosas nela havia.
A mão do homem dentre todas,
as mais belas escolhia.
Um casal enamorado,
em gesto de eterno amor,
desprendeu do tenro talo
a obsequiosa flor.
Aquela rosa murchou,
com carinho foi guardada
dentre as prendas mais queridas
da menina enamorada.
Junto à roseira um vaidoso
passou, retirando u’a rosa
e a colocou na lapela,
indo embora todo prosa.
Não bem a rosa murchou,
perdeu a finalidade,
no lixo ele a jogou,
não mais convinha à vaidade.
Beijando a terceira rosa,
a mãe sofrida a pegou,
nas mãos do filho inerte
em pranto a depositou.
Foi achada a quarta rosa
entre as mãos de um suicida.
Cena triste dolorosa.
Epílogo de uma vida.
Em seu talo a quinta rosa
sempre ali permanecia
para contar essa história,
nos anos que renascia.
Perguntaram à quinta rosa,
- por que não conta você
a sua história também,
nesse eterno florescer?
Turbada a flor legendária,
revelando o seu sofrer,
- sou a alma deste corpo,
em constante padecer.
Nem todas as minhas rosas
têm elas igual destino,
nem posso levar a culpa
de tão cruel desatino.
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O pai não pode ter culpa,
por filhos haver gerado,
que não souberam o seu nome
conservar e tê-lo honrado.
Sempre por aparências
é temeroso julgar.
Há muitos segredos íntimos,
que as flores vêm a guardar.
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