Depois do “Onze de Setembro”, para cicatrizar a ferida, o Ocidente resolveu espalhar todo o pus sobre o mundo árabe. Uma década depois, os esforços para eliminar o terror radical islâmico não surtiram nenhum efeito. O resultado foi um ódio gangrenado.
Acredito que a praga do século XXI será o terrorismo religioso. É como uma doença. Que muitos farão questão de pegar. Teremos de aprender a conviver com ela. Quando necessário aplicar doses de antibióticos cada vez maiores. Sabendo que um dia ela voltará ainda pior.
Vacinas para exterminá-la por completo são impossíveis. Temos exemplos. Caçando Osama Bin Laden, e depois procurando armas de destruição em massa, o Afeganistão e principalmente o Iraque foram destruídos. É nessa terra de ninguém que o terrorismo nasce, cresce e se fortalece. Em jardins esquecidos florescem ervas daninhas.
Depois veio a “Primavera Árabe”. De repente, um cego Ocidente entrou na onda do sonho utópico criado pelas redes sociais. E acreditou que democracias seriam possíveis nas ditaduras quase seculares do Oriente Médio. Os insurgentes foram armados e financiados.
É claro que o sonho de democracia não seduzia tanto assim o Ocidente. Pela primeira vez, eles viram uma chance concreta de controlar esses países Se é uma verdade que o poder pode cegar, ele também causa esquecimentos.
Diante das novas possibilidades que se abriam com a “Primavera Árabe”, os fracassos do Afeganistão e Iraque foram esquecidos depressa demais. Hoje já existe um consenso. A derrubada de alguns ditadores árabes, e tentativas de derrubar outros, foi mais um erro gigantesco apoiado pelo Ocidente.
Todos nós sabemos que pessoas são degoladas diariamente. Então é uma hipocrisia fingir espanto quando alguns ousam postar os vídeos na internet. A nossa consciência humana é muito falsa. Desestabilizando os países árabes, o Ocidente é o principal responsável pelo aparecimento dos degoladores do “Estado Islâmico”.
A entrevista da mãe do jovem brasileiro que se engajou ao grupo no “Fantástico” foi muito reveladora. Não estamos falando de um jovem pobre e sem perceptivas vivendo na periferia das capitais brasileiras. Ele morava na Bélgica. No melhor do primeiro mundo. O que me chamou a atenção foi às religiões entrando no último capítulo.
Um católico praticante, que se permitiu a uma segunda lavagem cerebral. Coisas que só as democracias ocidentais permitem. Treinamos mão-de-obra para o terrorismo em nossos quintais. E temo pelo futuro do Brasil. Nossos jovens são facilmente seduzidos pelos maus exemplos. Os protestos mostraram um tipo de terrorismo bem perto de nós.
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