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Procuram-se amoladores XXXIII
Pandora Agabo

Eu tentei fazer o mínimo de barulho possível ao entrar em casa. Girei a chave lentamente na fechadura, abri a porta cautelosamente e a fechei da mesma forma, tirei os sapatos e com eles em mãos, nas pontas dos pés, tentei subir às escadas sem ser vista, mas a minha mãe tem ouvidos de pombo e foi até o hall me receber, mas levando um tremendo susto quando me viu.

— Bárbara, o que aconteceu?!

Meus ombros, antes tensos enquanto eu tentava passar despercebida até o meu quarto, caíram de desânimo e desci os três degraus que eu havia conseguido superar.

— Me bateram na rua.

— O que?! Por quê?! - seus olhos ficaram agitados e ela começou a me analisar, imaginando o que poderia ter me acontecido.

Soltei uma risada bem humorada, de tipo "ah, te peguei" e disse:

— Brincadeira mãe. É que o meu cadarço desamarrou e eu, burramente, pisei em cima e tropecei.

Minha mãe me encarava séria e balançou a cabeça:

— Assim você me entristece, Bárbara.

— Ai, credo, também não é pra tanto. Eu sei que poderia ter percebido o cadarço, mas eu não percebi dessa vez...

— Não. Eu sei que você ta mentindo. Me entristece ver que você me subestima a tal ponto de não me dizer nem mesmo a verdade. - ela cruzou os braços, decepcionada - Seus joelhos não estão sujos ou ralados. - ela pegou minhas mãos e disse - E nem a palma das suas mãos. Quando as pessoas caem, elas se machucam em outros lugares, dificilmente no rosto.

Confesso, eu poderia ter pensando em uma mentira melhor. Mas não era como que se eu quisesse mentir, eu só não queria ter de dar explicações.

— Vai me contar o que houve?

— Eu já contei.

— Bárbara! - ela chamou a minha atenção.

— É sério, eu já contei. Me bateram na rua, essa é a verdade.

— Quem te bateu?

— Eu não sei.

— Como não sabe, Bárbara?! - ela estava ficando irritada comigo.

— Ué mãe, eu não sei! Acho que não foram com a minha cara, sei lá...

— Foi mais de uma pessoa?

— Sim.

— Eram garotas?

— Eram.

— Como elas eram?

— Ai mãe, o que importa agora? - eu também estava me irritando - Já passou. Eu nunca as vi antes por aqui, provavelmente são umas malucas que saem batendo em qualquer um que veem na rua, deixa isso quieto.

— Eu não vou deixar isso quieto, Bárbara! Você acha que eu vou ser capaz de simplesmente deixar isso pra lá? Minha filha sendo agredida enquanto volta da escola e eu tranquila aqui?

— Mãe, relaxa. Por favor. Não faça disso grande coisa. Você ta assustada pelo sangue, que... Ó... - passei os dedos sobre os arranhões - Já secou! Não faça disso grande coisa, por favor! Por favor... - abaixei a cabeça, tentando ser uma atriz melhor do que fui há pouco - Eu só quero um pouco de paz. Por favor.

Acho que consegui comovê-la. Ela me puxou para um abraço e eu fiquei feliz que ela tenha desistido de bancar a detetive.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
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