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Na ponta do lápis. Cap. 4
Natalie Torres Guariglia

Resumo:
Um noite em que Jorge se explica para Mirian e que Júlio deixa um aviso para sua família. Uma noite diferente com um presente diferente que pode, mais para frente, mudar vidas.

Capítulo IV: Um aviso escrito

Na noite de véspera de Natal, a família toda reunida: Mirian, Jorge, Jake, Júlio, os avós maternos, paternos e as duas irmãs de Mirian com seus maridos e filhos. Todas na casa de Mirian como sempre faziam. Era uma data especial, com farta ceia e muitos presentes (principalmente para as crianças) que eram abertos apenas à meia noite. Mas, quebrando as regras, Jorge pegou um embrulhinho em baixo da árvore iluminada e levou até Mirian, só que como de costume, ela não estava esperando presente nenhum da parte dele.

- Para você, Mimi.
- Para mim? Tem certeza? - Perguntou incrédula.
- É!! Tem alguma outra Mimi aqui? - Respondeu de supetão
- Aaah tá, agora é você mesmo!! hahaha Obrigada mesmo assim, Jorge.
- Você sempre desconfiada de mim... Credo, mulher!! Não posso nem tentar agradar você... - Virou e saiu andando para o outro lado da sala sem esperar ela abrir o pacote.
- *É, realmente, este homem está com problemas... Uma hora está me agradando e na outra está sendo estúpido, o que é mais normal no caso...* Pensou reticente.

Um mini livro com sonetos e frases célebres de seu autor favorito, Shakespeare, foi o presente de Jorge. Um presente que ela nunca iria esquecer; foi um dos únicos que recebeu em anos de seu marido, junto com a aliança de casamento em 1986 e um bracelete brega em forma de serpente no mesmo ano. O que estava estranho começou a ficar pior, o comportamento de Jorge naquela noite, não parou por aí: ele brincou com todas as crianças, seus filhos e sobrinhos, se vestiu com uma touca de Papai Noel e até puxou a cantoria no fim do jantar. O que ele menos gostava de fazer parecia estar sendo a melhor coisa do mundo: sociabilizar-se e demonstrar afeto.

- Mamãe, quero entregar os presentes!!! - Pediu Júlio.
- Hããã... Espera só mais uns segundos... (o grande relógio da sala soou 00:00) agora, pode, querido. - E deu um beijinho na testa dele.

Júlio adorava dar e distribuir presentes e doações, gostava de ver o rosto das pessoas se iluminando com o gesto de carinho dele. Era, definitivamente, a pessoa mais amorosa que morava naquela casa. Não sabia como nem porque, mas sua felicidade vinha da felicidade dos outros. Vinha da reprodução da felicidade alheia, quer dizer, nas palavras dele: "Vejo a felicidade, desenho ou escrevo a felicidade e aí sinto a felicidade. Simples!" Para uma criança, tudo era simples, inclusive, o ato de ser feliz. Elas encontram felicidade e amor igual uma abelha encontra pólen numa flor, em qualquer lugar, em qualquer pessoa. Menos em uma.

Um dos presentes com que Júlio mais se animou foi a caixa de 112 cores de lápis e também com o pacote de 36 cadernos com folhas pautadas dados ambos pela sua mãe. Ela conhecia seus filhos muito bem e faria qualquer coisa por eles. Até Jacob ganhou, mesmo não merecendo, um ótimo presente que adorou: um SuperMegaControlerCar, aqueles carrinhos de controle remoto que eram novidade nos anos 90.

- Noossa, noossa!! Mãe, obrigado. Muito joia esse carro. - Gritava Jacob encaixando as pilhas no controle. - Olha que carro grande que eu acabei de ganhar, noossa, valeu, mãe!! Muito bacana mesmo. - Gritando mais uma vez, ele fazia inveja aos primos.

Depois da troca de presentes, muitos parentes se despediram e foram embora com a promessa de voltarem no dia seguinte para o almoço "sobrô"; os dois meninos, cansados de tanta brincadeira subiram para dormir; e Mirian e Jorge levavam a louça para a cozinha. Naquela noite, haviam dispensado os empregados.

- Não sei porque você quis dispensar todos os funcionários, agora temos que ficar arrumando!!
- É Natal, Jorge!! NA-TAL!!
- Idaí? Eu tive que trabalhar em muitos natais para sustentar minha mãe e meu pai quando era mais jovem.
- Aah de novo essa mesma ladainha? Que saco, não me dá sossego nem no Natal... Achei que aquele presente significaria alguma coisa, alguma mudança sua.

Eles, agora, se olhavam nos olhos.

- Esta noite, você pareceu outra pessoa, parecia até aquele Jorge que eu conheci em 1980, animado, feliz, cheio de personalidade, brincando e adorando crianças.
- Bom, é que... O presente... É que eu passei numa livraria para comprar.... pra comprar a revista desse mês da empresa e vi esse livro do Xeiquêspire (ele realmente não falava inglês) e lembrei de você, Mirian.
- Lembrou?
- Sim... Não é algo que eu faça com frequência, eu não fico pensando em você e em nossa família todo dia. - Falou se escondendo atrás de seu orgulho. - Aliás nem faço questão disso, e é muito difícil para mim... Tentar mudar... Isso que têm acontecido, bom... Não sei explicar

Mirian ouvia, atentamente, com sede de mais palavras. Queria saber o que tinha de errado com Jorge e se isso tinha a ver com ela ou se era algo com o trabalho. Porque ele estava agindo dessa forma? Pensava

- Não que eu esteja reclamando, mas quero saber o que você tem. Estou cansada de lidar com um Jorge estúpido, mas também não dá para conviver com essas mudanças de humor. -Tentou dizer o que estava sentindo.
- Sei... Não prometo nada, só que ainda está tudo muito complicado, tanto na redação - ele era Vice-Presidente de uma importante revista nacional - quanto aqui. Por enquanto,só digo que quero ter vocês comigo, ao meu lado.

Sem entender muito bem o que ele quis dizer, Mirian subiu para conferir os quartos das crianças. Ao entrar no de Jakeo viu dormindo agarrado no carrinho novo. No de Júlio, quase escorregou numa folha de papel que estava jogada perto do armário dele. Pegou a folha e leu com dificuldade (por falta de iluminação adequada):

"Transformações que acontecem com ele; Irritações que se instalam com ela. Percebemos que algo diferente reina na casa; um espírito ruim invadiu este local; Não consigo identificá-lo; cuidado, casal."

Surpreendeu-se com as palavras rebuscadas. Guardou o papel. Algumas frases não saíram da sua cabeça durante aquela semana. "Cuidado, casal"? "Espírito ruim"? "Não consigo identificá-lo"?


Biografia:
Natalie Torres nasceu em São Paulo e se formou em Letras pelas Faculdades Metropolitanas Unidas em 2013. Aos 22 anos, já está cursando MBA em Comunicação e Semiótica ao mesmo tempo em que dedica parte do seu tempo a lecionar Inglês e Português. Adora o que faz e tem grande adoração por línguas, pricipalmente, a portuguesa. Ler e escrever são seus maiores hobbys, ao lado de fotografar e cozinhar. A família é sempre sua aliada para a realização de seus sonhos, bem como, seus amigos, professores, alunos e claro, a Internet.
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