Um dia um livro tem que chegar
ao seu final.
E creio que esse que estive a ler e escrever
chegou a sua última página.
Quando abri a primeira página
não imaginava o que estava
acontecendo naquele momento.
Estava abrindo a primeira página
de uma história de mim mesma.
Onde me conheci outra mulher.
Onde me descobri outra pessoa.
Vivi os extremos
de todos os sentimentos.
Tudo com muita intensidade.
Amor, paixão, carinho, ternura.
Alegria de explodir em luzes
Choro de alagar os mais
secos desertos e dor de morrer.
Magoei, feri, machuquei.
Fui magoada, ferida,
machucada.
E assim, do jeito mais vil,
ferida em minha alma,
meu espírito, acredito
cheguei à última página.
E devo dizer que não sou eu
a fechar a última página.
Ela foi fechada pela mão do sol,
que encontrou seus caminhos
bem longe do universo da lua.
Esse livro já foi fechado muitas vezes
e sempre de novo aberto.
Mas dessa vez é diferente.
Dessa vez o espírito foi ferido e pisado.
E não creio que possa renascer.
E se alguém o quisesse vivo
já teria feito alguma coisa.
Nada fez. Deixou morrer...
Não imaginei que terminasse assim.
Final esplendoroso de dor...
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