Andei por aí e vi.
Vi com meus próprios olhos.
Com esses olhos
já marejados pelas lágrimas.
O sol que não aparece
em meu universo
a tanto tempo,
brilha fulguroso
em outro céu.
Ficou encantado
por outra lua.
A lua do pedestal.
A lua das belas paisagens.
Uma lua narcisista.
Uma lua que
só ama a si mesma
e não está nem aí
com os que a rodeiam.
Só quer ser adorada
e endeusada.
E vi o sol, como um rei,
beijá-la longamente,
para espanto até
dos fiéis astros
que a rodeiam.
Um deles magoado,
deixou lá seu último
beijo e foi-se.
Outro reclamou para si
o direito de beijá-la,
pois era ele o seu amor.
E a lua dourada,
ensolarada de dor,
já míngua no vale
dos esquecidos.
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