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História de pescador
Copyright© 2013 by Otaviano Maciel de Alencar Filho
otaviano maciel de alencar filho





A garotada eufórica brincava animadamente em frente as suas residências. O período matutino, agraciado pela brisa advinda do litoral, era propício a realização de brincadeiras que exigiam maiores esforços físicos, como: esconde-esconde e pega-pega.
Antonino, o caçula da turma, encontrava dificuldades em correr, pois não contava com a habilidade da qual seus coleguinhas eram portadores, uma vez que sofria de uma deficiência na perna direita, devido a uma fratura femoral adquirida, por ironia do destino, em um desses momentos de diversão entre os amigos.
Enquanto suas mães, rendeiras, sentadas na calçada, teciam os fios de algodão, na confecção de roupas e toalhas das mais variadas espécies, seus esposos, pescadores, despediam-se, indo de encontro ao mar, na busca do sustento para a família.
Antonino ao ver o pai passando por ele, com a rede de pesca sobre os ombros, falou:
- Pai, vê se dessa vez traz pra mim um peixe bem “grandão”.
- Tudo bem, filho. O mar desta vez está prá peixe! – Respondeu, sorrindo.
- Não precisa ficar preocupado guri, afinal não é a toa que teu pai é apelidado de “Zé do Peixe” - Falou Antonio, tio do menino, tranquilizando-o.
As embarcações já os esperavam na praia. O encontro com os outros pescadores foi animado.
Antes de adentrarem nas embarcações, deram-se as mãos, e fizeram sentida oração, pedindo a proteção de São Pedro, padroeiro dos pescadores.
As balsas singraram o mar, deixando para trás familiares e amigos dos aventureiros marítimos, que foram até a praia despedirem-se.
Após algumas horas, já em alto mar, as jangadas afastam-se, cada qual indo a direções diferentes, para logo lançarem as redes ao mar, na esperança de que ao serem recolhidas, estas estejam repletas de peixes.
A Jangada em que Zé do Peixe estava era compartilhada por Antonio e seu filho. Eles haviam lançado as redes mar adentro algumas vezes, no entanto, nada de peixes em quantidade, apenas algumas lulas, e uma espécie de peixe sem grande valor comercial. A noite sucede o dia e a tarefa dos pescadores continua em plena execução. A escuridão da noite somente é diminuída devido à luz da lua e das estrelas, além de pequeno candeeiro utilizado para iluminar o ambiente em que se encontravam.
Zé do Peixe acorda com seu irmão que irá tirar um cochilo, enquanto ele e seu filho ficam atentos as ocorrências na jangada, e que logo depois será a vez de outro descansar um pouco.
Recostando a cabeça próximo a um samburá, Zé logo adormece... E sonha...
- “Vamos pessoal, deixem de moleza, não é todo dia que aparece um grandão desses, não! Mais para o lado. Joguem a rede para cá, rápido. Pegamos, pegamos, é isso pessoal. Vamos, puxem a rede. Força. Este é dos grandes! Vixe Maria, é muito grande, não vai dar para colocar na jangada. Segurem com força que ele ta querendo escapar. Ah, mas não vai escapar mesmo! Não adianta se debater, você não vai fugir. Ai, danado, solta a minha mão. Corre Tonho, vem me ajudar a soltar minha mão da boca deste “peixão”. Estamos afundando, valha-nos São Pedro.”
- Acorda Zé. Tu estás tendo um pesadelo, homem. – Disse Antonio, tentando acalmar o irmão que se debatia em agonia.
Ainda sem recobrar a lucidez, Zé inquire:
- O que aconteceu. Cadê o “peixão”, para onde ele foi?
- Calma Zé. Você teve um pesadelo, só isso!
Sentindo desconforto em uma das mãos que estava dentro do bolso do agasalho que estava vestindo, Zé puxou a mão de dentro da blusa e a retirou junto com um peixe que estava agarrado nela. Talvez tenha pulado para fora do samburá, indo encontrar alojamento dentro de suas roupas!
- Zé, um peixinho como este fez tudo isso com você, imagine um “grandão? – Falou o irmão, caçoando do pobre infeliz.
- Não brinca Tonho. Vai ver foi um aviso. Já estou bem. Vamos continuar o trabalho. Alguém quer descansar um pouco? - Perguntou.
Pai e filho responderam - Não, não estamos com sono!
- Então, mãos a obra. Redes para o lado direito. - Finalizou.
Assim foi feito, e ao puxarem a rede, que surpresa!   A rede veio abarrotada de peixes e entre eles um “grandão” veio junto. A alegria tomou conta geral. Novamente as redes foram lançadas e mais peixes foram apanhados.
Já amanhecia e enquanto preparavam o retorno a praia, Zé, meio sem jeito, pediu para que não comentassem sobre o episódio do pesadelo, afinal não ficava bem um pescador tão respeitado ter dado um vexame destes.
- Por que a preocupação, Zé? Mesmo que esta história escape, sem querer, nos botecos da vida, enquanto jogamos conversa fora, quem vai acreditar? Vão dizer que é história de pescador! – Falou Antonio, sorrindo e abraçando o irmão.


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