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Contos de Evrand - Prólogo
Prólogo: Escudo Despedaçado
Nathan Mateus

Resumo:
"Os Contos de Evrand falam basicamente da história dos Cinco Reinos do continente, e as intrigas, traições e jogos que seus Lordes fazem pelo poder. O Projeto vai seguir a trajetória de vários personagens, de famílias diferentes e rivais, onde o jogador poderá viver todos os lados da história. Será que aquele seu personagem favorito se dará bem no final? Nunca se sabe! No mundo de Evrand o poder é ilusório e reinos são voláteis, podendo desaparecer pelo mais simples piscar de olhos. Acompanhe a história da luta desses distintos personagens na busca pelo poder absoluto em "Contos de Evrand"!" Mais em: http://contosdeevrand.blogspot.com.br/


Prólogo: O Escudo Despedaçado

Era fim de tarde quando a hora chegou. A hora que nem mesmo Burrenton Mulgen, Lorde de Altel e Rei das Terras do Sul, conseguira prever. Passara os últimos cinco dias sem nem sair de seu castelo, um imponente e incomparável monumento de pedra e ferro, no centro da cidade. Agora que parava para pensar, Burrenton nem se lembra de ter ido a qualquer lugar muito longe de seus próprios aposentos, no último andar da construção, com uma vista para toda a cidade, e, há quem diga, de todo o Reino. Lorde Mulgen gostava muito dessa vista. Gostava de se sentar na ampla varanda de seu quarto, com um bom livro e algumas velas, e às vezes passar a noite inteira divagando entre as páginas do livro e a familiar, mas mesmo assim revigorante, vista das terras do Sul.
Agora, no entanto, ele não tinha tempo para estas noites. Talvez ele não conseguisse nem presenciar esta noite. O crepúsculo estava próximo, mas o Lorde se sentia cada vez mais fraco e desprovido de qualquer possibilidade de melhora. Ele já não era novo, presenciou mais de 70 anos de existência, com quase 50 destes como Rei do Sul. Nestes anos, muitas coisas vieram, assim como muitas coisas se foram. A maior era de prosperidade que o Sul já tinha visto foi estabelecida em seu reinado. Foram 50 anos sem guerras ou invasões, com alta atividade comercial, tanto terrestre quanto marítima. Tanto senhores quanto plebeus adoram Burrenton, o Pacífico, como era chamado entre seu povo pelas políticas de paz nestes tantos anos.
Do que partiu, a morte de sua esposa, Marget foi o que fez ao Lorde tanta falta. Os anos sem ela foram difíceis, e não teria conseguido se não fosse o suporte de seus mais queridos vassalos. Além de seus filhos, é claro. Marget o presenteou com dois meninos, hoje dois homens, cada um com seus defeitos e qualidades, muito diferentes um do outro, de um jeito único que o Lorde adorava conviver. Apesar das visitas de seu filho mais velho, Steffon, serem raras, Burrenton sentia muito orgulho do filho. Sua maestria com os navios e as ciências da navegação o ajudou a tornar os Mares do Sul livres de todos os piratas. Como recompensa, seu pai lhe cedeu as Ilhas do Sul, além de todos os títulos que as acompanham, e o tornou seu vassalo, o mais poderoso deles.
O Lorde foi despertado de seus pensamentos com uma batida na porta. Esperava muitas visitas no dia de hoje, e talvez nem fosse capaz de presenciar todas elas.
- Entre. – Disse, após perceber que não conseguia mais se levantar da cama.
     A porta se abriu e um homem de aparentemente vinte e poucos anos entrou na sala. Vestia trajes luxuosos e uma capa que ostentava um ar de poder, e de quem queria mostrar poder.
     - Pai, como está? – Perguntou.
     Seu filho mais novo, Cedric, era um rapaz bem diferente do irmão. Sempre odiou navegação ou qualquer outra coisa relacionada a batalhas, mas amava política e intrigas com todas as forças. O nome de Cedric Mulgen estava nas conversas de todos os nobres do Sul, e quem sabe até de outros dos Cinco Reinos. Cedric era muito influente, e, com a vantagem de residir em Altel, ajudou o pai a administrar as políticas do Reino nos últimos tempos. Não que o Rei do Sul precisasse da ajuda do filho mais novo em questões de política, afinal, para esses fins, Burrenton tinha seus conselheiros. Mas o filho tinha tanto interesse e pedia tanto por uma oportunidade de conhecer a administração do Reino que seu pai não pode recusar.
     - Não vou tão bem quanto gostaria, meu filho. – Disse o Rei. – Creio que você não terá seu pai por muito tempo.
     - Não diga tal coisa, meu Lorde pai. Os sacerdotes e sábios que estão cuidando de você ainda não perderam as esperanças.
     - Pois deveriam. Não me imagino saindo desta cama, não com vida. Mas filho, preciso lhe dizer algumas palavras antes de partir.
     - Se assim deseja, meu Rei. – o garoto respondeu, com óbvia tristeza na voz.
     - Eu vou partir, e peço que ajude seu irmão a cuidar do Reino. Juntos, vocês devem manter e continuar tudo o que eu criei e mantive, com a ajuda de vocês dois algumas vezes. Creio que seja necessário nomear um novo Lorde das Ilhas do Sul, após seu irmão se tornar Rei. Acredito que vocês não terão problema com isso. Quem sabe, até mesmo você se torne o próximo.
     - Não tenho desejo de me tornar Lorde de um lugar no meio do mar. Steffon esteve no controle daquelas ilhas por mais de uma década. Eu mesmo nunca as conheci. Meu irmão passou tanto tempo naquele lugar que se esqueceu do Reino. Eu tenho mais contato com os assuntos do Reino do que meu irmão, e, me perdoe dizer, seria um Rei tão bom quanto ele.
     - Cedric! – O velho Rei não escondia o espanto na voz. – Isso não é algo a se dizer sobre seu irmão. Vocês podem não ter tido todo o contato que todos nós gostaríamos que tivessem, mas ainda são irmãos. Steffon pode não estar aqui, nos jantares e recepções dos nobres, mas está fazendo uma tarefa igualmente importante. Ele, em todos esses anos, protegeu as fronteiras do Sul contra todo e qualquer invasor marítimo. As ilhas nunca tiveram uma época tão pacifica quanto esta. E proteger os fracos, meu filho, é nosso dever como membros da Família Mulgen. Afinal, qual é mesmo o símbolo da Família Mulgen?
     Burrenton conhecia muito bem o símbolo, assim como seu filho, mas queira que este o dissesse mesmo assim, para que as palavras o guiassem.
     - Um escudo. – O filho respondeu. – O símbolo é um escudo.
     O símbolo da Família Mulgen era mais do que conhecido por todos os Cinco Reinos. Ali, então, no castelo de Altel, era impossível não perceber. Escudos dos mais variados tipos, cores e tamanhos decoravam as paredes de todo o castelo, cada um com uma história. O próprio escudo que se encontrava na parede acima da cama do Rei Burrenton, agora, fazendo sombra em seu corpo cansado, era um com muita historia. Tinha pertencido a seu avô, e o ajudou a vencer incontáveis batalhas que Burrenton agora nem tinha tempo de lembrar.
     - Exato, meu filho, o Escudo. O escudo é nosso símbolo. Proteger é nosso dever. O que seu irmão faz traz muita honra a nossa Família. É algo de se admirar, de verdade. Não devemos nunca, como nobres de Mulgen, deixar o escudo se quebrar. Não devemos deixar o Sul cair nas mãos de outros. E, assim que eu me for, você e seu irmão precisarão um do outro para não deixar o escudo se quebrar. Eu prevejo tempos difíceis, meu filho. Os reinos estão para mudar.
     - Tenho certeza que teríamos mais chance de “não deixar o escudo se quebrar”, se meu irmão continuasse como Lorde e eu me tornasse o Rei do Sul. – O filho respondeu. - Mas não irei discutir estes assuntos com o senhor, meu Rei, enquanto estiver assim.
     Neste momento, Burrenton sente sua garganta seca se apertar, e um terrível acesso de tosse toma conta de si. Seu filho tenta lhe ajudar.
     - Calma, meu pai. Aqui, tome um pouco d’água.
     O Rei tomou um longo gole de água de um cálice de prata, estendido pelo seu filho. A água lhe pesou no estômago. Beber um simples copo d’água já foi mais simples.
     - Filho... Chegou a hora. Não quero que você esteja aqui, me vendo nesse estado. Você foi um bom filho, e acredito que ainda me será motivo de orgulho.
     - Obrigado, meu pai. Vá com a segurança de que nada do que fez será perdido. O Sul estará em segurança.
     - Assim irei, Cedric. Adeus... Mande chamar um dos sacerdotes quando sair.
     - Adeus, meu Lorde pai. O Reino sentirá muito a sua falta.
     O Sol se pôs completamente enquanto Cedric se dirigia a porta. A escuridão engoliu sua visão do grande Rei que o Sul teve por tantos anos.
     Do lado de fora, três homens em robes marrons esperavam. Alguns dos ábades e sábios do reino, Cedric se recordava.
     - Ele espera por vocês. – Cedric declarou, bem baixo.
     - O que tem a dizer sobre o Rei, senhor Cedric? – O mais velho dos homens perguntou.
     - O que tenho a dizer? Digo que o escudo se quebrou. – Cedric fez uma pausa e olhou para os homens. – Agora, o escudo está despedaçado.


Biografia:
Apaixonado por Ficção e Fantasia. Aberto a discussões, sugestões e críticas. Mais sobre minha atual série no link: http://contosdeevrand.blogspot.com/
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Romance Contos de Evrand - Prólogo Nathan Mateus
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