Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A BONECA DE SOPHIA - PARTE XIII
EMANNUEL ISAC

… O chefe de polícia começou a folhear o livro e a cada página que virava, seus olhos arregalavam mais ainda. Olhou para Nênia que permanecia calada e inerte na cadeira, chamou Bruno e lhe mostrou algumas figuras macabras que apareciam em certas páginas. Bruno a cada figura que via, se benzia e repetia “nos guarda pai”, como querendo proteção.

          O chefe de policia se deteve em um capítulo que falava do ritual onde se sacrificavam meninas com a idade de até sete anos, para se obter o rosto e o corpo sempre jovens, e uma vida longa; seu coração disparou! Veio à sua lembrança, os sete corpos as meninas que encontrou despidos, sobre a cruz de ponta cabeça, e sem uma gota de sangue. Viegas ergueu o olhar em direção a Nênia:

          - Pode me explicar o que você faz com um livro desses, em sua casa?                 
          Nênia apoiou os cotovelos sobre os joelhos e descansou a cabeça na palma das mãos, respirou fundo, e permaneceu calada! Viegas levantou com o livro aberto, e tornou a perguntar, mostrando o que estava escrito sobre o ritual macabro de sacrificar crianças:

          - Vou tornar a perguntar; porque este livro está com você?
          - Quando eu resolvi deixar de ser hippie, trouxe ele comigo! Era do meu antigo guia!
          - Hippie? O que vocês faziam com um livro que ensina a matar crianças e arrancar seus órgãos..., mutilando seus corpos e..., e..., só Deus sabe mais o quê?
          - Nós não fazíamos nada disso! – Nênia gritou! Nós fazíamos somente tocar, cantar, uma vez e outra fumar um..., você sabe; mas matar? Isso nunca!
          - Dona, este livro me diz o contrário do que você está me falando! – Viegas foi enfático;
          - Eu só sei que quando a velha deu este livro a Bile, ele come...
          - Que velha? Quem é esse Bile? – Interrompeu Viegas;
          - Acho que era a sua avó..., ele era o guia de nossa aldeia. Depois que ganhou o livro, passamos a ficar mais tempo dentro da mata e a invocar a presença dos “espíritos de luz”, para nos conduzir pelo caminho, que dizia ele, ser para uma vida melhor! Mas descobri ser tudo uma mentira!
          - Descobriu? Quando? – Perguntou Bruno, entrando no meio da conversa;
          - Quando minha mãe morreu!

          Nênia começou a contar a história de como resolveu deixar de ser hippie, e passou a ler a Bíblia Sagrada. Viegas perguntou se ela era cristã, ela respondeu que visitava a igreja, de vez enquanto, mas que ainda não se convertera:

          - Deixa ver se eu entendi; você deixou de ser hippie, começou a ler a bíblia mas não é evangélica!
          - Sim!
          - Seu cunhado é encontrado morto, de uma forma que só Deus sabe como, sua irmã e sobrinha desaparecidas e eu encontro você com um livro de magia negra nas mãos!
          - O senhor está querendo dizer o que com isso?
          - Que essa história está muito mal contada! Até agora, só consigo pensar que você está envolvida até o pescoço nisso tudo, e te garanto uma coisa; minha intuição não falha!
          
          O chefe de polícia começou a rodear a cadeira onde Nênia estava sentada! Ela o acompanhava com o olhar, enquanto Bruno escrevia na pequena agenda em suas mãos. Nênia levantou-se, o chede de polícia parou à sua frente, ela cerrou o olhar para ele e falou:

          - Eu estava com este livro nas mãos, tentando encontrar alguma resposta ou uma forma de salvar o meu sobrinho! - Disse ela firmemente;
          - Salvar o seu sobrinho? Como assim? - Viegas ficou curioso;
          - Se eu falar o que aconteceu, o Senhor vai me internar em uma clínica psiquiátrica!
          - E se eu te falar o que descobri, investigando a morte daquelas sete meninas, você irá dizer que estou fantasiando! Pode falar!          

          Nênia então narrou os fatos para o chefe de polícia; desde quando recebeu o telefonema do sobrinho, até o momento que encontrou o livro:

          - … Foi quando os senhores chegaram e estamos aqui, parados, enquanto nem eu e nem os senhores sabem onde estão minha irma e minha sobrinha, e nem eu sei se Hélio ainda está vivo ou não!

          Viegas olhou para Bruno; viu quando ele fez um sinal na face, passando o polegar do meio da testa até os lábios, e em seguida, cruzando o polegar de um lado ao outro sob o nariz, formando o desenho de uma cruz:

          - Que sinal é esse que você fez?
          - O sinal da cruz! - Respondeu ele;
          - O dedo não vai até em baixo, na altura do peito? - Perguntou Viegas, fazendo o sinal do qual falava;
          - É o mesmo! - Bruno respondeu e voltou a escrever na agenda;
          Viegas voltou-se para Nênia:

          - Precisamos voltar na casa de sua irmã. Temos que verificar o lugar em que você encontrou esses sinais!
          - Eu não vou entrar naquela casa novamente! - Disse Nênia, sentando-se na cadeira;
          - Então você não quer encontrar sua família! - Respondeu Viegas.

          Nênia olhou para ele; respirou fundo; jogou a cabeça para trás fechando os olhos...:

          - Tudo bem! - Respondeu ela finalmente!

          Nênia trocou de roupa e saiu com os dois homens...
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
          … Norma quando viu a boneca parada na porta, olhando para ela com aqueles olhos flamejantes, saltou um grito de pavor e recuou, quase entrando no círculo; foi contida pela velha:

          - Cuidado! Preciso de você fora do círculo! - Disse a velha com um sorriso sinistro na boca.

          A velha falou algumas palavras para a boneca, mostrou-lhe o corsier, a boneca grunhiu e caiu ao chão. Rapidamente, tratou de colocá-la de volta dentro do círculo. Norma estava apavorada com tudo o que via e ouvia. Sabia que apesar da aparência na face de uma mulher de quase quarenta anos, aquela mulher não passava de uma velha. Pediu para Éster devolver Sophia para seus braços:

          - Não podemos mais correr o risco de um outro atravessador tentar possuir o corpo de sua filha! - Disse ela, afastando-se de Norma;
          - E o que você vai fazer? - Perguntou Norma;
          - Colocá-la dentro do circulo, onde nenhum outro demônio vai poder tocá-la!
          
          Éster já estava pronta para entregar Sophia para a mulher dentro do círculo, quando de repente, Sophia abriu os olhos e falou:
          - Mamãe?
          
          Norma que estava com a cabeça baixa, ao ouvir a filha chamá-la, suspendeu a cabeça e olhou em direção de Éster. Viu quando ela esticou os braços com Sophia, tentando entregá-la para a mãe, e correu em sua direção! Arrebatou Sophia dos braços de Éster, abraçando-a e chorando:

          - Filha! Filhinha! A mamãe está aqui! A mamãe está aqui meu bem!
          - Mamãe...? O que aconteceu...? Que lugar é esse...? - A voz de Sophia chegava entrecortada;
          - Não aconteceu nada não meu bem! Mamãe está aqui, vamos pra casa! - Norma começou a caminhar em direção a porta.
          
          Éster que tinha ido parar do outro lado da sala com o tombo que tomou de Norma quando ela arrebatou Sophia de seus braços, levantou-se e falou:

          - Se você sair agora, sem realizar o ritual, você vai perder sua filha para sempre!- Norma parou;
          - Se você levá-la, sem mandarmos este demônio de volta para o inferno, ele irá atrás dela, a onde quer que você esteja! - Disse Éster passando a mão na cabeça, no lugar da pancada;
          - O que você quer dizer com isso? - Perguntou ela;
          - A conexão com a boneca – Éster apontou para a boneca dentro do círculo – está momentaneamente cortada!     Se você sair com a menina, ele irá atrás dela e não poderemos fazer nada longe deste centro!     
          - Eu prefiro arriscar, que ver vocês invocando os demônios sobre minha! - Disse Norma decidida;
          - E o que você pretende fazer? - Perguntou a velha com cara de nova;
          - Procurar uma igreja para ajudar minha filha!

          Norma virou em direção à porta, abraçou Sophia e voltou a caminhar em sua direção. Éster olhou para a mãe e fez um sinal; ela pegou o acratóforo com o resto do sangue do coelho, e despejou sobre a boneca; a boneca começou a se movimentar como se fosse uma serpente, e abriu os olhos! Ao mesmo tempo, Sophia começou a tremeu o corpo por inteiro nos braços de Norma. Ela fez um esforço tremendo para contê-la e não deixar que caísse:

          - Sophia? Querida...,o que é que você tem? - Norma olhava para a filha em seus braços.

          Sophia não parava de tremer, até que ficou quieta, calma, em silêncio! Norma estava à poucos passos da porta; quando começou a caminhar novamente após ver que a filha havia se acalmado; quase a derrubou dos braços quando ela com uma voz grave e rouca, lhe perguntou:

          - A onde você pensa que vai me levar?
          
          Norma parou de supetão; olhou para a filha em seus braços; mas o que viu, foi o mesmo rosto da boneca que a olhava com os mesmos olhos flamejantes, de antes....

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

          O chefe de polícia foi o primeiro a sair do carro assim que chegaram em frente a casa de Norma. Abriu a porta traseira para Nênia e esperou Bruno desligar o veículo. Perguntou se Nênia tinha as chaves da casa e ela respondeu que a porta devia estar aberta, pois quando saiu, não a trancou.

          Viegas puxou o portão de ferro e empurrou a porta de madeira; ligou a lanterna e olhou para dentro da casa, parecia tudo normal! Chamou Nênia e perguntou como se ligava a energia. Mostrou o interruptor na parede, ao lado da porta, acendeu a luz da sala, e todos entraram.

          Viegas perguntou em que local ela tinha visto o sobrinho pela última vez. Ela parou no pé da escada que levava ao andar onde ficava os quartos da casa. Viegas olhou a escada; bateu na madeira e verificou que ela permanecia rígida, olhou os corrimões e não encontrou vestígio de nada:

          - Vamos no quarto onde você encontrou os símbolos! - Disse ele, dando o lado para que Nênia subisse em sua frente.

          Bruno falou com o chefe, que iria permanecer na sala. Viegas olhou para ele, e apontou o dedo indicador em direção de Nênia que já estava no final das escada, sinalizando para ele subir também. Nênia parou na porta do quarto e não quis entrar:

          - É esse o quarto? - Perguntou Viegas para Nênia;
          - Hum, hum...,

          Viegas segurou na maçaneta da porta e girou..., entrou devagar, pé à pé, olhando para todos os cantos do quarto. Chamou Bruno e pediu para que encontrasse o interruptor para acender a luz. Quando Bruno acendeu a luz, Viegas pode ver as marcações no piso que Nênia havia lhe dito. Tirou o livro do bolso e começou a comparar os símbolos com os desenhos no livro.

          Encontrou todos eles e os seus significados. Mas ele sabia que estava faltando alguma coisa; olhou para o espelho por onde Nênia disse que as criaturas saíram (ela até o momento, não tinha informado ao chefe de polícia, que foram meninas deformadas que saltaram de dentro do espelho), e não encontrou pista alguma!

          Parou no meio do quarto, olhando mais uma vez para todos os lados. De repente, seus olhos fixaram-se na cama! Caminhou até a cama e a virou; encontrou riscado no tablado a cama, como se tivesse sido arranhado, o nome de Sophia juntamente com outros. Só que de uma maneira estranha; como em uma palavra cruzada e dentro de uma “FITA ENTRELAÇADA INFINITA”*...

                                          N
                                      
                                          S O N I A
               E        M A R C E L O                        I
                                          P
                                H É L I O
                                    B I L I
                                           A
                            
                                           A

* “FITA ENTRELAÇADA INFINITA” = Significa a vida entrelaçada, onde há sempre uma continuidade em outras encarnações. Também representa o pacto de sangue entre os novaerinos, envolvendo pessoas ou organizações. É usado para uma melhor obediência entre os aliados do movimento Nova Era.

Número de vezes que este texto foi lido: 52889


Outros títulos do mesmo autor

Contos A CARONA EMANNUEL ISAC
Poesias SEU CORPO EMANNUEL ISAC
Poesias AINDA EXISTE O AMOR? EMANNUEL ISAC
Poesias ESTRANHAMENTE, SEU! EMANNUEL ISAC
Poesias D'ÁLEM MAR EMANNUEL ISAC
Poesias COMO UMA NOIVA EMANNUEL ISAC
Contos O MENINO QUE ASSOBIAVA EMANNUEL ISAC
Contos A CASA DA LOIRA EMANNUEL ISAC
Contos A BELA DA PRAIA EMANNUEL ISAC
Contos A ÁRVORE DOS DESEJOS EMANNUEL ISAC

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 101 até 110 de um total de 110.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Ressignificação Mental - Caroline Loureiro Prado 36 Visitas
🔴 O Homem-Falência - Rafael da Silva Claro 28 Visitas
Votuporanguense vence a A3 2024 - Vander Roberto 15 Visitas
Bullying - Michela Aparecida Biltge 14 Visitas
Definida a final da A4 em 2024 - Vander Roberto 11 Visitas
🔴 Vestidos para matar de rir - Rafael da Silva Claro 3 Visitas

Páginas: Primeira Anterior